Casei
do discurso preconceituoso, às vezes cretino, de alguns colegas professores e
professoras contra a política social do Governo do Partido dos Trabalhadores
(PT). Disse, digo e reafirmo: não sou do PT, critico contumazmente os erros
históricos cometidos pelo partido ao longo dos anos que governa o País (ainda
assim, à parte as severas críticas, sempre votei nos últimos doze anos no partido),
não posso negar que a Política Social de Governo é a melhor que conheço nos
últimos 50 anos (minha idade). Tanto para as classes média, baixa e baixíssima
(bolsa família, por exemplo) quanto para as classes média, alta e altíssima (bolsas
de mestrado e doutorado, por exemplo). Já ouvi inúmeras vezes de colegas professores
(e professoras) que "é impossível fazer mestrado ou doutorado" sem
bolsas. Pelo gosto dos colegas, todos os estudantes de mestrado e doutorado de
todos os programas de Pós-graduação brasileiros tinham bolsas. Talvez estejam
até corretos na essência, como forma de incentivar a qualificação profissional,
que redundará em promoção e melhores salários, mas, pergunto: benefícios
sociais só para quem está no patamar da classe média para cima? Quem se
encontra deste patamar para baixo tem sofrer e conviver com a miséria absoluta?
As classes média alta e altíssima brasileira acostumaram-se a ter os benefícios
sociais do Estado pra si. E não suportam admitir que os mais pobres também os
tenham. Daí as reações ferozes contra as políticas de cotas e bolsas sociais. É
preciso entender que o Estado é brasileiro, de todas as classes, portanto, e não
apenas dos mais ricos. Antes de bater o pé e exigir uma bolsa de mestrado ou
doutorado, pensem naquela família que não tem nem o que comer. Talvez, assim,
vocês, caros colegas professores e professoras das universidades brasileiras,
percebam que os nossos rendimentos, ainda parcos pelas atividades que desenvolvemos,
estão entre os 6% maiores da remuneração brasileira. Logo, fazemos parte da
classe altíssima, como classe, sempre beneficiada com bolsas do Conselho de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes) e de todas as Fundações de Amparo à
Pesquisa (FAPs) Brasil afora. Antes de enchermos a boca contra a Política
Social do Governo do PT, que tal olharmos para as nossas contas e verificarmos
se parte dessa política não está nos nossos bolsos?
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