Ontem,
ao vivo, em rede nacional, após a divulgação do resultado do Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), uma estudante, ingenuamente, revelou o lado cruel e
perverso do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), que, oficialmente, é
apresentado como o fator mais positivo do processo. Se do lado oficial se diz
que a possibilidade de o estudante escolher qual curso fazer é o que de mais
interessante existe no SiSU, do lado do estudante, pode se transformar no fator
mais perverso: a escolha pelo que der e não pelo que se quer. Na sua
ingenuidade, a estudante revelou que iria se inscrever para Arquitetura, o seu
sonho. Mas, acompanharia o processo de disputa pelas vagas e, se não desse,
faria algo relacionado à História da Arte, como preparação para o curso de
Arquitetura, seu sonho, e que ela não abandonaria de forma nenhuma. Em suma, o
que a estudante disse, em rede nacional, é que usaria um curso que ela não
queria como forma de se preparar para o curso do seu sonho, se não desse para
passar agora. Uma moeda não é cara ou coroa: é cara e coroa. Uma política
pública, da mesma forma, pode ser vista pela metáfora da moeda: tem pontos
positivos e negativos. Saber avaliá-los e preveni-los é fundamental para que o
objetivo maior seja alcançado: neste caso, ao que parece, o da inclusão. O
problema é que, ao invés de incluir, o SiSU pode excluir e, ainda pior,
provocar evasão nos anos seguintes uma vez que o estudante pode optar,
inicialmente, "pelo que der" e, no ano seguinte, se obtiver êxito no
curso desejado, abandonar o primeiro curso que optou. Ainda é cedo para se
afirmar categoricamente que o SiSU é bom ou ruim. Mas, que provoca evasão e
empurra estudantes e escolherem o que der e não o que quer, é mais do que
evidente.
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