quarta-feira, 25 de julho de 2012

A lógica produtivista da proposta do Governo Federal


A nova proposta do Governo Federal para os professores em greve não mexe uma vírgula na essência produtivista do modelo de universidade vigente no País, baseado na avaliação da “produtividade” centrada na Comissão Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e das Fundações de Amparo à Pesquisa de cada Estado. O modelo que aí está posto tem a benção da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes-Federação), mas é combatido ferozmente pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). O discurso da meritocracia, do Governo e da Proifes, soa bastante sedutor se contraposto ao do Andes-SN que, aparentemente, é radical e “quer nivelar por baixo”. As aparências, nesse caso, enganam redondamente. O que o Governo fez durante todos esses anos foi investir na divisão da categoria dos professores universitários criando, com o falso discurso do mérito, uma classe que ousei denominar de “Pesquisadores Qualis A”. Esses pesquisadores morderam a isca do modelo, que investe no processo de “massagear egos”, travestido de “meritocracia”, e faz como que esse tipo de pesquisador não se veja mais como trabalhador. Enquanto o Governo (e a Proifes) defendem que o trabalhador só pode ascender na carreira “por mérito”, o Andes-SN entende que o mérito é um dos critérios, porém, não o único. O tempo de serviço, bem como a dedicação às atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão de forma equilibrada são critérios adicionais. São lógicas díspares, portanto, diametralmente opostas. Enquanto uma corrente, do Andes-SN, defende dignidade durante a carreira e na aposentadoria, a Proifes e o Governo querem premiar apenas a produção em série como se um processo educacional pudesse ser medido apenas pelo número de artigos publicados por um professor e por sua atuação nos programas de Pós-graduação. É sobre essa lógica que precisamos refletir antes de tomar a decisão de aceitar ou não a proposta meramente remuneratória do Governo.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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