O
governo brasileiro hoje apresenta dois movimentos diametralmente opostos: privatiza
de um lado e estatiza do outro. Após a Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (EBSERH), criada com o fim de administrar os hospitais
universitários, prepara-se para, dia 1º de março de 2013, anunciar o lançamento
da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). A nova
estatal nasce com um capital de R$ 800 milhões cujo objetivo é "fomentar a
pesquisa e o desenvolvimento tecnológico nas indústrias." As linhas gerais
da nova empresa estatal foram definidas em reunião do Conselho Nacional de
Ciência e Tecnologia (CCT), comandada pela presidente Dilma Rousseff, no
Palácio do Planalto. A empresa já nasce apelidada de "Embrapa da
Indústria". Na reunião, ficou definido que os ministros da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTi), Marco Antonio Raupp, e da Educação, Aloizio
Mercadante, serão os responsáveis pelo "desenho final" da empresa.
Esse "desenho" será apresentado em reunião da Mobilização Empresarial
pela Inovação (Mei), grupo criado pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI). O capital inicial da Embrapii, de até R$ 800 milhões, será financiado
pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTi) por meio do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Entidades
empresariais e institutos científicos de tecnologia também financiarão a
criação da empresa. O plano inicial prevê que "cada fonte contribuirá com
um terço do total dos recursos." De acordo com o que foi discutido na
reunião que deu o sinal verde para a criação da Embrapii, a empresa dará suporte
a projetos de avanço da inovação nas empresas, bem como a projetos de laboratórios
multiusuais. Esses laboratórios são localizados nas universidades e institutos
de pesquisa, mas poderão ser usados "tanto para fins de desenvolvimento
industrial como para as pesquisas acadêmicas". Essa possibilidade de uso
compartilhado de laboratórios está prevista na Lei de Inovação. O anúncio da
criação da nova empresa estatal e suas finalidades parece indicar que a
Universidade Federal do Amazonas (Ufam) deu uma tacada certeira ao ser a primeira
universidade federal brasileira a criar uma Pró-reitoria de Inovação
Tecnológica (Protec). Tanto a criação da EBSERH quanto o anúncio da Embrapii
são uma demonstração evidente de que o modelo de financiamento público da
universidade brasileira, inclusive das federias, foi definitivamente enterrado
pelo Governo. Nasce, aos poucos, uma espécie de "modelo misto", que
une recursos públicos aos recursos das iniciativa privada por intermédio dessas
empresas estatais. Independentemente da reação dos sindicatos e representações
de classe, o modelo está posto.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
Visite
também o Blog Gilson Monteiro Em Toques
e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou
encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.