quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O fim do coronelismo de departamento


Qualquer que seja o vencedor (ou a vencedora) da disputa pela reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) há dois desafios hercúleos: a descentralização administrativa e financeira e o fim, definitivamente, dos coronéis de departamento. A Instituição universidade brasileira, no todo, é arcaica e tradicional ao extremo. Centraliza todas as decisões de compras em um Departamento de Materiais. Assim como centraliza qualquer obra, inclusive as pequenas obras, como reparos de lâmpadas, por exemplo, na Prefeitura do Campus. Isso emperra a máquina, do ponto de vista administrativo, e faz como que diretores de unidades sejam obrigados a participar de um arcaico sistema de decisão administrativa mais conhecido como "beija-mão". Ao invés de a máquina ser ágil como um todo, só se consegue a fluência por meio de amizades: quem tem bom trânsito consegue "tocar" suas unidades. Quem não tem a simpatia da Administração Superior "morre sufocado": termina por passar a sensação de que teve uma administração fracassada nas unidades. É o tipo de sistema decisório que depende do humor de quem dirige a Instituição ou os setores. Talvez como decorrência desse modelo administrativo ultrapassado, criou-se, nas universidades, um poder paralelo (das amizades), que convencionei chamar de coronelismo de departamentos. Esses coronéis de departamento se consideram "donos" da própria universidade. De quando em vez, unem-se para "ungir" ou não quem eles decidem que vão chegar ao poder, tanto nas unidades, quanto da própria universidade. Usam o velho e malfadado discurso de que "buscam um nome de consenso". Criam uma espécie de "pacote democrático" embalado por discussões nas quais tudo já está decidido. É como se houvesse um concílio e a comunidade fosse apenas obrigada a legitimar o que foi decidido pelos coronéis. É preciso pensar em um modelo administrativo capaz de dizimar esse tipo de prática. Enquanto isso não for feito, a Ufam, e todas as demais universidades brasileiras, farão parte desse coronelismo travestido de democracia, autonomia e liberdade de escolha. A descentralização administrativa e financeira pode ser um bom começo.

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