Qualquer
que seja o vencedor (ou a vencedora) da disputa pela reitoria da Universidade
Federal do Amazonas (Ufam) há dois desafios hercúleos: a descentralização
administrativa e financeira e o fim, definitivamente, dos coronéis de
departamento. A Instituição universidade brasileira, no todo, é arcaica e
tradicional ao extremo. Centraliza todas as decisões de compras em um
Departamento de Materiais. Assim como centraliza qualquer obra, inclusive as
pequenas obras, como reparos de lâmpadas, por exemplo, na Prefeitura do Campus.
Isso emperra a máquina, do ponto de vista administrativo, e faz como que
diretores de unidades sejam obrigados a participar de um arcaico sistema de
decisão administrativa mais conhecido como "beija-mão". Ao invés de a
máquina ser ágil como um todo, só se consegue a fluência por meio de amizades:
quem tem bom trânsito consegue "tocar" suas unidades. Quem não tem a
simpatia da Administração Superior "morre sufocado": termina por
passar a sensação de que teve uma administração fracassada nas unidades. É o
tipo de sistema decisório que depende do humor de quem dirige a Instituição ou
os setores. Talvez como decorrência desse modelo administrativo ultrapassado,
criou-se, nas universidades, um poder paralelo (das amizades), que convencionei
chamar de coronelismo de departamentos. Esses coronéis de departamento se
consideram "donos" da própria universidade. De quando em vez, unem-se
para "ungir" ou não quem eles decidem que vão chegar ao poder, tanto
nas unidades, quanto da própria universidade. Usam o velho e malfadado discurso
de que "buscam um nome de consenso". Criam uma espécie de
"pacote democrático" embalado por discussões nas quais tudo já está
decidido. É como se houvesse um concílio e a comunidade fosse apenas obrigada a
legitimar o que foi decidido pelos coronéis. É preciso pensar em um modelo
administrativo capaz de dizimar esse tipo de prática. Enquanto isso não for
feito, a Ufam, e todas as demais universidades brasileiras, farão parte desse
coronelismo travestido de democracia, autonomia e liberdade de escolha. A
descentralização administrativa e financeira pode ser um bom começo.
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