Algo
me incomoda, e muito, principalmente em época de consulta para a escolha dos
dirigentes, como é o caso, agora, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM):
as decisões ditas "fechadas". E não é de hoje que essas coisas me
incomodam. Quando entrei no Partido Comunista do Brasil (PC do B), único
partido ao qual fui filiado na vida, avisei logo: "não aceito essa
história de centralismo democrático e irei combatê-lo por dentro". Talvez
por isso a minha permanência no PC do B não tenha passado de seis meses. Saí do
partido com a convicção reforçada de que, em uma universidade, não se deve ser
deste ou daquele grupo. Será que professor tem de ter seguidor? Não seria a
universidade o ambiente, pelo menos em tese, do pleno exercício da liberdade?
Como aceitar que curso tal (ou instituto tal) tenha "fechado" o apoio
a este ou àquele candidato (ou candidata)? Há que se mudar essa postura. Esse
tipo de pensamento dominante. A universidade não pode ser o local no qual
fundamentalistas e seguidores de determinadas pessoas escolhem, nos bastidores,
quais rumos devem ser tomados pela Instituição. A Ufam não é uma tribo
indígena. Muito menos um partido político. Não pode, assim, ser curvar aos
caciques. A liberdade de escolha é fundamental quaisquer que sejam os critérios
individuais para exercer essa prática. Não quero que ninguém vote em mim por
ser "bonzinho" ou "amigo de todo mundo". Ninguém administra
uma Instituição do tamanho da Ufam só com "tapinhas nas costas" e
sorrisos. Trata-se de uma Organização da mais alta complexidade cuja razão de
existir é a defesa da plena liberdade. O exercício dessa liberdade, porém,
parece pouco existir quando se trata da escolha dos dirigentes. E isso é altamente
contraditório. Deixemos o fundamentalismo de lado e entendamos uma coisa: em
uma universidade não pode haver adversário histórico, inimigo ou grupos de
fulano ou beltrano. A Ufam está cima de todas essas picuinhas e coisas menores.
Terminado o processo de escolha, todos devem trabalhar para o bem-comum, ou
seja, da Ufam. Fui adversário da professora Márcia Perales Mendes Silva, jamais
inimigo. Exerci a crítica de forma clara e limpa aqui neste espaço. Da mesma
forma que a respeitei durante o mandato, fui respeitado. Nenhum dos projetos de
interesse da Ufam que toquei sofreram qualquer tipo de retaliação por tê-la
enfrentado durante a consulta pública. Assim tem de ser sempre. A escolha do
dirigente de uma universidade não pode ser vista como uma disputa entre o bem e
o mal. Tem de ser uma disputa salutar de ideias e de estilos de administrar.
Acima de tudo isso, porém, tem de haver o respeito ao outro, ao ser humano. E
mais acima, ainda, o respeito à liberdade. Costumo dizer que na vida (política),
o adversário de ontem é um possível aliado de hoje e um provável inimigo (bom
seria se fosse só adversário) de amanhã. Conviveremos no mesmo espaço, na mesma
universidade, após as disputas. Que não seja uma disputa odiosa! E que cada um
exerça plenamente a liberdade: inclusive de se prender a alguém (ou a algum
ideal de universidade).
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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