sábado, 16 de fevereiro de 2013

A inovação e o processo de tomada de decisões


Definitivamente as pessoas precisam compreender que a mudança pela mudança não é sinônimo de inovação. Há, na universidade brasileira, uma espécie de "ideia fixa" de que para inovar é preciso mudar. Nem sempre essa máxima é verdadeira. Gosto muito do futebol como metáfora para a vida. Inclusive, a vida acadêmica. E uso muito, em minhas aulas, constantes exemplo do futebol para demonstrar, por exemplo, que os grandes times montados no Brasil, inclusive, as seleções brasileiras mais vitórias, não eram formadas por 11 craques, ou seja, expertises nas suas áreas de atuação. Um time vencedor, em muitos casos, precisa de uma espécie de "carregador de piano": é aquele jogador que jamais será reconhecido como craque, porém, torna-se fundamental para as conquistas. Técnicos de futebol consagraram-se mudo afora pela capacidade de manter o time na hora certa e de mudá-lo, também na hora certa, para melhor. Os que mudam na hora certa, tornam-se vencedores, são considerados inovadores. Aqueles que mudam na hora errada passam a carregar a pecha de fracassados. A dúvida é: qual a hora certa e a hora errada? Não se tem uma "uma receita de bolo" para o processo de tomada de decisão em momentos de tensão. Lá venho eu de volta com a metáfora do futebol. Um treinador, quando seu time começa perdendo, em momentos de pressão, toma a decisão de mudar um jogador e, com isso, muda o próprio esquema de jogo, vira a partida e vence. Torna-se um herói. Naquele jogo, é claro, pois, se perde outro, pode cair em desgraça. Informações qualificadas, observação constante de cenários, promovem o acúmulo de experiência para que decisões sejam tomadas corretamente em momentos de crise. Certezas, porém, não existem! O máximo que se consegue no processo decisório é diminuir as incertezas. Acertar ou errar em uma escolha, porém, além do acúmulo de conhecimento, requer sabedoria, advinda exatamente desse acúmulo de conhecimento. A soma disso tudo refina a intuição que, em muitos, casos, é decisiva para o acerto. Decisões administrativas são tomadas assim. As consideradas mais inovadoras, no entanto, em grande parte dos casos, não nascem de certezas científicas, mas, sim, de uma intuição apurada. É como defende há anos o iconoclasta Paul Feyrabend: "A Ciência é uma das tradições, não a única". Ser científico nem sempre é ser inovador. Aliás, em grande parte dos casos, a Ciência é a mais conservadora das práticas na sociedade. Conseguir derrubar (e dizimar) o conservadorismo científico (e da Ciência) nas universidades talvez seja o maior desafio dos inovadores.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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