Há
uma hábito na universidade brasileira (confesso que tenho este péssimo hábito
também) de se falar em "comunidade da....no caso Ufam" e
"comunidade em geral". Como se a universidades fosse um ente à parte,
não fizesse parte da sociedade. A mim me parece, também equivocada, a ideia de
que a universidade é um espelho da sociedade. O máximo que se pode classificar
a universidade é, talvez, como uma "comunidade do saber". E aí que,
no meu entendimento, grande parte das pessoas que formam essa "comunidade
do saber" comente o maior erro: o da presunção de que somos diferentes da
sociedade da qual fazemos parte. E por nos olharmos como diferentes, comentemos
outro erro crucial: nos afastarmos da sociedade. Nós, os cientistas, não somos
seres diferentes de ninguém, temos, apenas, mais formação acadêmica. Adquirimos
algumas "gotas" a mais do saber tradicional. O conhecimento porém,
está na vida, no mundo. Não apenas dentro dos suntuosos laboratórios das
universidades. É bem verdade que, no caso das ciências mais duras e das
pesquisas aplicadas, bons e bem-equipados laboratórios são, evidentemente, ambientes
mais propícios às descobertas. No caso das Ciências Humanas, e mesmo das
Ciências Sociais Aplicadas, nosso laboratório é o mundo. E por assim sê-lo, a
universidades não pode, não deve e não tem o direito de virar as costas para a
sociedade. E nela e dela que "tiramos" o saber, conhecimento, os
"objetos" para as nossas pesquisas. Talvez tenhamos de ser diferentes
pelo reconhecimento do direito e do respeito ao outro, às diferenças. Ninguém é
obrigado a "ver" o mundo da mesma forma que nós. O que nos faz efetivamente
diferentes, como universidade, é a capacidade de conviver com os contrários.
Talvez tenhamos uma chance de sermos, enfim, diferentes: é assumirmos nossas
diferenças e não deixar que elas interfiram nas relações acadêmicas e da troca
de saberes. Aí, sim, certamente, poderemos nos orgulhar de sermos diferentes.
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