Mais
dia, menos dia, a universidade brasileira terá de se confrontar com uma
discussão da qual foge às léguas: o modelo de financiamento. Nitidamente, a Lei
de Inovação Tecnológica e as parcerias público-privadas são formas de, digamos,
flexibilizar o financiamento. Talvez, ainda que não se queira ver, já esteja em
curso uma espécie de "modelo misto de financiamento". Aliás, quando
foram abertas as porteiras para as ditas "fundações de apoio", o que
se viu foi, ao invés de uma acirrada luta por melhores salários e verbas para
manutenção e custeio, uma acomodação nos grandes projetos, pareceres e
prestações de serviços. A última greve dos professores e professoras das universidades
federais só aconteceu com a força e com a duração que ocorreu em função de uma
única coisa: a expansão atabalhoada do sistema federal, com novos campi em
quase todas as federais, porém, sem nenhum condição de trabalho e estrutural. A
luta por melhores salários,a visão de carreira fora completamente enterrada com
o modelo de "prestação de serviços". Os governos Estadual e
Municipal, bem como as grandes empresas estatais, quando descobriram que as
universidades eram o melhor caminho para obter "pareceres" com mais
peso para aprovar grandes obras, passaram a usá-las. Não demorou, e o Tribunal
de Contas da União (TCU) passou a descobrir, em várias dessas "fundações
de apoio", verdadeiras lavanderias de dinheiro dos professores
responsáveis por esses projetos, esses pareceres. Até os cursos de
especialização se transformaram em caça-níqueis nas universidades públicas. Com
o argumento de que deveriam equipar os laboratórios, obrigação constitucional
do Governo Federal, cursos pagos passaram a ser oferecidos nas universidades
públicas brasileiras. Questionado ferozmente por uns, elogiadíssimos por
outros, principalmente os que da equipe faziam parte, esse cursos caíram em um
limbo jurídico: até hoje a justiça brasileira não decidiu se são legais ou não.
No limbo também ficou a discussão basilar: a do modelo e financiamento. Talvez
porque, no limbo, os ganhos individuais (dos professores e professoras
envolvidos nesses serviços) são muito maiores. Acontece que a sociedade não
pode, não deve e, certamente, não aceitará, que a estrutura montada com
recursos públicos seja permanentemente usada para atender interesses
particulares. Este é o cerne da questão. E é sobre ele que a universidade não
quer se debruçar e discutir. Mas, terá de fazê-lo. O dia D se aproxima!
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Post do dia 24/02/2013
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