domingo, 10 de fevereiro de 2013

A expansão desenfreada das universidades federais


O que todos os reitores e reitoras das universidades federais brasileiras sabiam, mas, alguns (ou algumas) não tinha coragem de admitir, a reitora recém-eleita e empossada da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a farmacêutica Soraya Soubhi Smaili, resolveu dizer publicamente:"o processo de expansão foi mal planejado". Crítica contumaz do modelo de expansão proposto pelo Governo Federal e grevista assumida, a nova reitoria da Unifesp, agora terá de administrar exatamente o processo de expansão que critica, uma vez que o modelo de universidade implementado no Brasil na era de Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi muito refinado no Governo Luiz Inácio Lula da Silva e caminha para a definitiva implantação de um novo modelo de expansão e financiamento baseado na "pacífica" convivência entre interesses particulares e públicos dentro das universidades. Esse modelo de expansão que, aliás, a mim me parece, não só mal planejado, mas também, desenfreado, por isso desorganizado, com o único objetivo de gerar estatísticas positivas sobre o "aumento do número de vagas". Como esse aumento do número de vagas (e dos campi) não foi acompanhado por investimentos em infraestrutura (laboratórios e salas de aulas, por exemplo) o que se tem hoje são sérios problemas, inclusive falta de verbas para manutenção, a serem enfrentados por reitores e reitoras. Quando cito sempre um Governo do PSDB e outro do PT como se um refinasse a política educacional do outro é para deixar claro o seguinte: o problema da universidade brasileira não é modelo de gestão. É o próprio modelo de universidade, baseado não mais no financiamento público, mas sim, em uma relação promíscua e descaradamente de rapinagem dos laboratórios, equipamento e prédios públicos em benefício de uma dúzia e meia de professores (e professoras). Mais dia, menos dia, teremos de enfrentar essa discussão de cara limpa. Muito provavelmente no processo de sucessão da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por exemplo. Aí, muitas máscaras dos que estiveram junto dos professores (e professoras) em greve, que defenderam uma "universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada" cairão. Saberemos quem defende a "venda de serviços" como metáfora da venda até dos grãos de areia da universidade pública brasileira.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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