segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A escola na qual Ícaro não teria vez

A escola brasileira, em todos os níveis, quiçá a escola mundial, é "onde os sonhos morrem primeiro". Jamais seria permito a Ícaro voar e Leonardo da Vinci talvez fosse transformado em um mediano pintor de paredes. Isso tudo porque a filosofia de "cortar asas" não é o esteio apenas da educação familiar, conforme abordei ontem, aqui neste mesmo espaço, na postagem "A cruel filosofia das asas cortadas". Por trás de um discurso libertador, escondem-se grades curriculares, impostas em Projetos Pedagógicos de Cursos, que se alicerçam em Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Meia dúzia de iluminados é chamada, forma uma Comissão, faz audiência pública em três estados e está decidido o que se deve fazer dentro de uma sala de aula, em todos os níveis. Além de as decisões serem de gabinetes, transformam-se em Planos de Curso ou de Aula, que, talvez, fossem melhor aproveitados se fossem denominados efetivamente de Planos de Aprendizagem e o foco fosse exatamente nesta última. Ainda hoje, fala-se em ensino, em aluno, ou seja, sem luz. O prazer da descoberta e da experimentação pouco valem. Aliás, ainda se vive em uma sociedade na qual o prazer é sempre relacionado ao pecado venial. Ter prazer, em amplo sentido, na escola, talvez seja uma heresia. Dias desses, eu, minha filha e meu filho conversávamos sobre isso. E ela, que tem 13 anos, saiu-se com essa:"Pai, eu e minhas amigas temos um sonho. Sair desta escola que não estimula a gente a estudar e criarmos uma nova escola. Uma escola que a gente tivesse prazer em estudar". Eu e minha filha temos algo em comum: sonhamos com uma escola na qual cortar asas seja uma prática definitivamente abolida. Assim, Ícaro e Da Vinci poderiam frequentá-las sem o menor receio.

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OBS: Post do dia 29/09/2013

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