segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Objeto de pesquisa não é pauta jornalística

Antes de ser pesquisador, militei, anos e anos, na imprensa de Manaus como jornalista. E uma coisa me parece muito clara: é um equívoco dos mais graves comparar pauta jornalística com objeto de pesquisa. E inegável que existe, no Brasil, uma espécie de taxionomia do conhecimento nas áreas do conhecimento definidas na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Mais para efeito de financiamento do que para divisão do conhecimento. Este último não tem taxionomia, não se divide, é processo. E como processo, dinâmico. Logo, não pode e não deve ser pautado. No jornalismo, a pauta é o assunto pré-determinado na redação para o qual o repórter vai à rua captá-lo, redigi-lo para, talvez, ser publicado. Em Ciência, apesar da taxionomia das áreas, não cabe ao professor-pesquisador, como se fosse um chefe de reportagem, pautar assuntos que devem ou não ser assuntos ou objetos de pesquisa. Quem tem de fazê-lo é o estudante. Quem ingressa nos programas de Pós-graduação é o responsável por arejar a Ciência. Por tirar as amarras. Por ousar. Do nosso lado, nós, os professores e professoras, temos o dever de apostar na ousadia, no novo. Afinal, a Ciência não é uma construção feita com materiais pré-moldados como se a descoberta fosse um pecado mortal.


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