Deveria
começar esta discussão pondo em xeque a medição travestida de avaliação na
Educação brasileira, em todos os níveis. Mas, apenas para centrar a polêmica em
um único ponto, deixarei para outra oportunidade o processo de medição
(travestido de avaliação) e considerarei que se pratica a avaliação no Brasil.
Ainda que assim o fosse, o que se tem é uma espécie de "esquizofrênica
pratica punitiva". Se não, vejamos! Tomemos como exemplo a prática regular
que impera na estrutura atual da Educação no País. Digamos que um brilhante
estudante de um curso de graduação qualquer, de uma universidade pública
brasileira, matriculou-se em cinco disciplinas de um período letivo (também qualquer).
Em quatro das disciplinas, o estudante, se não tirou a nota dez (10,00), ficou
próximo dela. Numa delas, porém, o santo dele não bateu com o santo do
professor ou da professora. Ao longo do período, uma antipatia mútua cresceu e
o estudante terminou a disciplina com média final quatro e meio (4,5). De
acordo com o modelo de "avaliação" atual, pode até chover canivetes,
facões e terçados, mas, o estudante estará reprovado nesta disciplina, por mais
que seja nota 10 em todas as demais. Teria de esperar pelo menos um ano para
cursar novamente a disciplina. Atrasaria em um ano a formatura, correria o
risco de perder a motivação e desabar o desempenho, enfim, poderia ser mais uma
vítima do que convencionei chamar de "esquizofrênica prática
punitiva". Qual mal haveria em se oferecer, por exemplo, cursos de férias
capazes recuperar estudantes em situações similares para não emperrar a
carreira dessas pessoas? Será que a função precípua de uma universidade é reter
estudantes? Os inquisidores da Santa Sé acadêmica dirão:"Se fizermos isso
os estudantes vão deixar de cursar o período normal e só vão querer fazer os
cursos de férias". Quando se parte deste pressuposto de que todo estudante
é desonesto até que se prove o contrário, o melhor que se faz é dobrar os joelhos
diante de tão sagrados inquisidores, vergar o tronco, aproximar os lábios do
solo (talvez dos pés consagrados pela sabedoria), pedir perdão por estarmos em
pleno Século XXI e reconhecermos que a Santa Inquisição foi uma espécie de
avaliação. Das mais fracassadas, mas, o foi!
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