terça-feira, 17 de setembro de 2013

A esquizofrênica prática punitiva das avaliações

Deveria começar esta discussão pondo em xeque a medição travestida de avaliação na Educação brasileira, em todos os níveis. Mas, apenas para centrar a polêmica em um único ponto, deixarei para outra oportunidade o processo de medição (travestido de avaliação) e considerarei que se pratica a avaliação no Brasil. Ainda que assim o fosse, o que se tem é uma espécie de "esquizofrênica pratica punitiva". Se não, vejamos! Tomemos como exemplo a prática regular que impera na estrutura atual da Educação no País. Digamos que um brilhante estudante de um curso de graduação qualquer, de uma universidade pública brasileira, matriculou-se em cinco disciplinas de um período letivo (também qualquer). Em quatro das disciplinas, o estudante, se não tirou a nota dez (10,00), ficou próximo dela. Numa delas, porém, o santo dele não bateu com o santo do professor ou da professora. Ao longo do período, uma antipatia mútua cresceu e o estudante terminou a disciplina com média final quatro e meio (4,5). De acordo com o modelo de "avaliação" atual, pode até chover canivetes, facões e terçados, mas, o estudante estará reprovado nesta disciplina, por mais que seja nota 10 em todas as demais. Teria de esperar pelo menos um ano para cursar novamente a disciplina. Atrasaria em um ano a formatura, correria o risco de perder a motivação e desabar o desempenho, enfim, poderia ser mais uma vítima do que convencionei chamar de "esquizofrênica prática punitiva". Qual mal haveria em se oferecer, por exemplo, cursos de férias capazes recuperar estudantes em situações similares para não emperrar a carreira dessas pessoas? Será que a função precípua de uma universidade é reter estudantes? Os inquisidores da Santa Sé acadêmica dirão:"Se fizermos isso os estudantes vão deixar de cursar o período normal e só vão querer fazer os cursos de férias". Quando se parte deste pressuposto de que todo estudante é desonesto até que se prove o contrário, o melhor que se faz é dobrar os joelhos diante de tão sagrados inquisidores, vergar o tronco, aproximar os lábios do solo (talvez dos pés consagrados pela sabedoria), pedir perdão por estarmos em pleno Século XXI e reconhecermos que a Santa Inquisição foi uma espécie de avaliação. Das mais fracassadas, mas, o foi!


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