Em
1998, passei o ano todo a trabalhar como voluntário da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), na reforma da NBR 6023. Como cheguei à ABNT? Por ter
publicado o artigo "Sumário
ou índice: conceito, definições e controvérsias", na revista
científica Acta Cirúrgica Brasileira (Acta Cir. Bras. vol.13 n.2 São Paulo
Apr./May/June 1998). Há pouco, reli o artigo. Fiquei surpreso com o fato de ter
escrito algo em 1998 e se manter tão atual até hoje:
"O
mundo globalizado de hoje não permite que mesmo instituições normativas como a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) simplesmente editem as normas e
esperem que as pessoas passem a adotá-las. Dito de outra forma, hoje, a ABNT
não deve ser apenas uma entidade normativa. Precisa convencer as pessoas a se
utilizarem e a seguirem as normas, principalmente no que tange à representação
descritiva dos registros do conhecimento, pois a ABNT não tem como punir, com
multas exemplares, editores e universidades que não seguem as normas por ela
estabelecidas. Uma das formas mais simples de adesão seria se as próprias
normas induzissem a isso. Caso o texto dessas normas fosse claro, conciso e
coerente, as dúvidas poderiam ser mínimas ou, quem sabe, talvez nem existissem.
Em
algumas universidades, em geral, os argumentos favoráveis à
"obediência" às normas da ABNT são dos mais estapafúrdios: "A
lei existe para ser cumprida"; "não está claro mais é lei",
"dicionário é um amontoado de palavras de uso comum, as normas da ABNT são
técnicas e pronto". Aprende-se, com o mestre Cruz Neto (1990, p. 160) que
"[...] negar uma realidade linguística pelo simples fato de negar só pode
revestir-se de dogmatismo absolutista". Certamente, a ABNT não pretende
que as normas sejam seguidas por dogmatismo absolutista, mas sim, porque
apresentam uma certa lógica, que pode ser facilmente sustentada."
Impressionante!
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