quarta-feira, 20 de março de 2019

O ovo da serpente na selva-de-pedra


Hoje, depois da retirada do processo de criação das a Universidade Federal do Médio e Baixo Amazonas e a Universidade Federal do Médio e Alto Solimões, por meio de despacho da Presidência da República como resultado, inclusive, da pressão de ex-reitores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e por conta de fatos recentes em universidades que conheço, como a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), na qual os derrotados pediram a intervenção do MEC para “anular a consulta”, tenho elementos para afirmar: o ovo da serpente foi gestado nas universidades brasileiras há tempos. E ele se chama processo de privatização da Educação superior brasileira. E foi gestado pela turma que defende a criação de empresas de inovação dentro das universidades com o claro objetivo de os professores e professores “gerenciarem” os “inventos” dos seus estudantes criativos, bem como do uso do espaço público para interesses privados. A Lei da Inovação está apinhada deste olhar. Que era o olhar silencioso de muitos professores e professoras em regime de Dedicação Exclusiva que usavam todo o tipo de artifício para “pular o muro”. A visão privatista e excludente predomina. Ao dizer que a universidade é para poucos, o ministro da Educação, Ricardo Velez Rodriguez, reverberou a voz de muitos de dentro das próprias universidades. Disse o que muitos pensam, mas, ainda não tinham coragem de dizer. Temos uma universidade brasileira elitista sim, baseada na casta de doutores que dominam o processo de avaliação e distribuição de bolsas. É uma troca de favores encoberta pelo “pano-de-fundo” do mérito. Baremas e mais baremas existem para dar um ar de objetividade aparente ao mérito. As serpentes existentes entre nós chocaram o ovo e o filhote está na presidência da República enquanto ovos e mais ovos serão chocados e gerarão frutos internos desta visão elitista e meritocrática de uma universidade que só quer é vender seus espaços para a geração de riquezas individuais: querem pretos, pobres e índios é mesmo na senzala a servir de mão-de-obra de segunda categoria nos laboratórios e casas dos embranquecidos e “superiores” que conseguirem sobreviver nesta “selva-de-pedra acadêmica”.

Visite também o Blog de Educação do professor Gilson Monteiro e o Blog Gilson Monteiro Em Toques. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.