segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Não se aprisiona o mundo em laboratórios


A cada dia que passa tenho mais clara a sensação de que a escola, no termo, incluído, inclusive, as universidades, fenecerá gradativamente se não tiver a capacidade de se renovar e usar o mundo e as interconexões (ocultas ou não) como fonte primordial do processo de aquisição de saberes. Imaginar que se pode isolar o mundo em um laboratório, experimentar para, em seguida, entendê-lo, é uma bobagem que não se sustenta mais em nosso tempo. Até a Física, nos estudos quânticos, reconhece que somos feitos de energias e “possibilidades de energia”. Em Relato de um Certo Oriente, do amazonense Milton Hatoum, o fotógrafo Dorf, em uma de suas mais belas falas, justifica as angulações de suas fotos com uma frase que, para mim, tornou-se inesquecível: “tudo na vida depende da perspectiva do olhar”. Só desenvolveremos a tolerância e o respeito ao outro como valores se tivermos clareza disso: a perspectiva do olhar é tudo. Como um artista, a escola precisa ser inconformada, transgressora. Não pode ser curvar às leis pré-estabelecidas. A permanecer conservadora e formatadora, não cumprirá o papel de desenvolver espíritos para o exercício pleno da cidadania. E se esse espírito crítico e informado não for desenvolvido nos ensinos básico e médio, tem a obrigação de sê-lo no ensino superior. E é nesse ponto que entra a nossa responsabilidade, como já disse ontem, de profanarmos todos os templos nela estabelecidos. Só assim cumpriremos o nosso efetivo papel de não aprisionar o mundo em um laboratório e devolver em conhecimento para as pessoas, portanto, a sociedade, o investimento constantemente feito em nós.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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