É louvável a expansão das
Escolas Técnicas promovida pelo Governo Federal com o nome de Institutos
Federais. Ao que tudo indica, foi realizada com as condições muito melhores do
que a dos campi das universidades brasileiras, que padecem da falta de condições
estruturais mínimas para funcionamento. Esses institutos ganharam, inclusive,
status administrativo de universidade. Chamo a atenção, porém, para algo que
parece essencial: o regime didático-pedagógico. Na visão tradicional da educação,
as escolas técnicas, embora transformadas em institutos, praticam o ensino
técnico, ou seja, voltado especificamente para o mercado de trabalho,
conhecimento popularmente como “tecnicista”, por meio do qual o estudante
aprende técnicas do “fazer” e ponto final. A universidade, em tese, deve formar
humanisticamente, para o exercício da cidadania. É algo como ensinar a refletir
sobre o fazer. Acontece que, por exigência dos próprios estudantes e da
sociedade, as universidades passaram a praticar um regime misto: reflexão sobre
o fazer à medida que tenta ensinar a fazer. Uma tentativa de estruturar
currículos que atendam as exigências do mercado e cumpram a essência da
universidade: a formação humanística. Há algum erro em misturar os dois propósitos?
Em tese, não vejo nenhum. Para que ocorra, porém, as universidades precisam ter
laboratórios equipados comparativamente aos Institutos Federais. Seria preciso,
também, flexibilizar o processo de contratação de professores para as disciplinas
específicas e técnicas. Por exemplo: quem disse que um bom professor ou professora
de Rádio e TV precisa necessariamente ter Mestrado e Doutorado? A carreira
teria de mudar, também. Afinal, Mestrado e Doutorado não podem funcionar apenas
como forma de engordar o salário dos professores. Não podem ser muletas para a
carreira. O problema é muito maior do que o Governo publicar decretos dizendo:
agora você é universidade e você é instituto tecnológico. Trata-se de um
problema de alta complexidade que não se resolve apenas com a ampliação do
número de uma ou de outro.
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