sexta-feira, 2 de março de 2012

A captação de recursos como política pública


O modelo de universidade posto no Brasil por meio do qual as instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão se transformaram em escritórios de negócios de professores associados em torno de um Centro ou Órgão Suplementar não é algo gestado pelos professores e pesquisadores em cada uma das universidades públicas brasileiras. É uma situação para a qual todos foram levados em função da escassez de recursos públicos e de uma política brasileira de “estado mínimo na Educação” implantada no Governo Fernando Henrique e aprimorada no Governo Lula. Processos gerenciais baseados em produtividade foram implantados em todos os níveis. Com isso, até quem vivia inocentemente no seu “cantinho”, nas universidades, percebeu, com o surgimento das “fundações de apoio”, que poderia “engordar” os salários com projetos, assessorias e captação de recursos. Hoje em dia, a cantilena é “podem fazer o que quiser ...só me deixem trabalhar”. Esse “só me deixem trabalhar”, na maioria das vezes, é a forma metafórica que se usa para dizer: “deixem-me ganhar meu dinheiro aqui com as pesquisas e projetos que tudo correrá às mil maravilhas”. Sonhar com a universidade na qual as questões sociais e os problemas da comunidade eram discutidos independentemente de gerarem ou não recursos é utopia. Hoje, na universidade brasileira, o que não gerar captação de recursos não é mais prioridade para ninguém. A pesquisa transformou-se em negócio, logo, precisa gerar retorno (não para a sociedade, é claro), mas, para o “grupo de pesquisa”. Essa e a universidade pública brasileira atual, quer queiramos ou não.

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