Duas disputas para a
reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) deram-me a certeza de que o
processo não envolve meramente voluntariado e utopia. É um jogo dos mais
pesados, similar às disputas políticas fora da universidade, e que sofre sim,
interferência direta dos partidos políticos e do poder do Governo do Estado e
do Governo Federal. Mente descaradamente todo aquele que disser que se trata de
um processo interno, no qual a autonomia (da universidade e dos membros da
comunidade universitária) é exercida plenamente. Voluntarismo, sonho, utopia,
crença na mudança e nas pessoas são essenciais. No entanto, na hora da decisão,
transporte de eleitores, troca de favores (e até de camisetas) movem como nas
eleições em geral, os votos decisivos. Outro componente essencial: a militância
dos partidos no dia da eleição. Sem isso, os sonhos morrem na praia. Outra
lição fundamental: cada consulta é um novo processo. Além disso, não tem mais
aquela aura de revolução e luta contra o “sistema”, contra o poder
estabelecido. Não há espaço para salvadores da pátria. Muito menos para se
começar o processo discutindo nomes. O que se tem hoje é um modelo de
universidade baseado em “consultorias e prestação de serviços” com parca fiscalização,
portanto, plena liberdade de ação para quem controla órgãos suplementares e os
transforma em verdadeiros “currais eleitorais”. Na estrutura atual, quem está
no poder só perde as eleições se não usar a máquina administrativa, azeitada
pelo caminhão de verbas federais para a construção e blocos e laboratórios.
Alguém imagina que uma Faculdade ou Instituto, “premiados” com novos prédios,
laboratórios e equipamentos, votará contra quem está no poder? Numa
universidade na qual votos são trocados por favores e cargos, vencer a máquina
depende de extremo profissionalismo na campanha e no dia da consulta. Caso não,
o voluntarismo e a utopia empurram para a derrota.
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