sábado, 17 de março de 2012

A Ufam quase "fechada" para 2013

Sei que às vezes acontece de forma descarada e vergonhosa, mas prefiro acreditar que seja algo pontual e passageiro o fato de determinados departamentos, cursos, e até unidades “fecharem” com pessoas, e não em torno de programas e ideias, quando se trata da sucessão dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Fui ensinado por meu velho pai e por minha mãe que, se acreditamos em alguns princípios basilares para a nossa vida, ainda que sejam equivocados, o máximo que podemos fazer e revê-los, se deixamos de acreditar, caso não, resta-nos defendê-los como questão de honra. E um dos princípios que considero essencial para a democracia é o da liberdade de escolha. Quando essa escolha passa por troca de favores em função de obras, cargos, bolsas, empregos temporários e possíveis comissões no futuro a democracia está contaminada e o direito à livre escolha maculado. É doloroso admitir que esse tipo de coisa aconteça no processo de consulta para a reitoria. Ainda que não envolvesse nenhum tipo de troca de favores, a Ufam só poderia se vangloria em ser diferente se não se curvasse a essa coisa de “fechar votos em nomes”. Algumas pessoas da comunidade já me encontraram nos corredores e abordam com a mesma pergunta: “O senhor é candidato? O fulano já me ligou. É candidato. E disse que Itacoatiara está fechada com ele”. Tenho aceite para cursar doutorado em Portugal. Preciso gozar minha “licença-formação” que vence em Março de 2013, caso não, perco o direito. Deixar o Programa de Mídias Digitais da Ufam (Promidi/Ufam) projeto com o qual sonho desde 2004 não me parece justo com as pessoas que nele acreditam e estão ao meu lado. Há numerosos motivos para não sê-lo. Acontece que A Ufam está acima de qualquer projeto pessoal. É a minha casa. Foi lá que conquistei, por meio de concurso público de provas e títulos, o direito de pensar. E de expressar o pensamento livremente ainda que isso me traga amor e ódio na mesma proporção. Porém, como diria Edgar Morin, “somos razão e emoção” na mesma medida. Não gosto de meio termo: que me amem ou me odeiam. Repito, porém, há princípios dos quais não abro mão: e um deles é não fechar questão em torno do meu nome nas sucessões das quais participei nem no Departamento no qual sou lotado, muito menos na Unidade Acadêmica que trabalho. Sou partidário do princípio de Nélson Rodrigues de que “toda unanimidade é burra”. Meu maior desafio na vida é convencer, conquistar pessoas que acreditem no sonho de uma Ufam melhor para mim, meus filhos e a sociedade. E só luto por esse sonho se tiver um grupo que também acredite que pode melhorar a Ufam e a vida na Terra. Será utopia? Pode ser. Mas sou movido à emoção, sonhos, utopias. E um dos sonhos pelos quais luto a cada dia da minha vida é que as pessoas tenham plena liberdade de escolha: inclusive de não acreditar nos meus sonhos. No entanto, não aceito que na universidade se feche questão em tornos de pessoas ou teorias. Não tenho nenhum desejo de administrar uma universidade “fechada”. Abomino essa prática e lutarei para que seja extirpada da Ufam. Quer seja candidato, quer não!


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