É ilusória a ideia de que os
três segmentos, professores, técnicos e estudantes, da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam) possuem o mesmo peso no processo de consulta para a escolha da
reitoria da Instituição. Não se pode negar o avanço que alcançamos (tenho
orgulho de ter participado desse processo de redemocratização da escolha do
reitor, inclusive como candidato) no Conselho Universitário (Consuni), ao
aprovar que a consulta seria paritária e não mais como (ainda) determina a lei,
com o peso de 70% para professores e 30% divididos em 15% para os estudantes e
15% para os técnicos. Numa configuração dessas, quem conseguir o apoio da
maioria dos professores e técnicos nem precisa conversar com estudantes: está
eleito. Acontece, porém, que, pela “fórmula” mantida em vigor até hoje (por uma
esperteza da chapa da situação e que caímos nela como patinhos), a paridade é
tirada tendo por base o número total de “membros” do segmento e não o número de
votantes. Qual é a casca de banana nessa história? Caso ocorra o que ocorreu na
última consulta, quando dos 30 mil estudantes cadastrados na Ufam apenas 8 mil
votaram, o percentual total de 15% dos estudantes é reduzido para algo em torno
de 2,5%, na paridade. O peso dos professores que, teoricamente, é de 33,33%,
ganha um reforço de aproximadamente 12% (a diferença que sobra dos estudantes
não-votantes) caso a totalidade dos professores votem. Como é muito mais fácil
mobilizar 1.000 professores e 1.500 técnicos do que 30 mil estudantes, o
processo de escolha do reitor (ou da reitora) está mais centrado do que nunca
na figura do professor (e da professora). Levando-se em conta que nenhuma das
duas últimas administrações da Ufam teve o menor pudor em usar a máquina
administrativa para obter votos, ou seja, mobilizar professores e técnicos, ou
se avança para o voto universal e o cenário muda ou a “situação”,
independentemente de que for o candidato, só perde a consulta para a reitoria
caso cometa erros estratégicos catastróficos. Fora disso, a outra saída para as
candidaturas de oposição é mobilizar, de preferência, os 30 mil estudantes (que
agora, com 109 cursos deve girar em torno de 70 mil estudantes) para
comparecerem às urnas na data marcada para a consulta e, de preferência, que
votam neles. Aí surge mais uma barreira: professores que apóiam candidatos da
situação, ao perceberem que os estudantes tendem a votar nos candidatos de oposição,
liberam os alunos no dia da consulta. Resultado: abstenção em massa de
estudantes. Moral da história: a vida dos candidatos de oposição é dura tanto
fora da Ufam quando nas eleições internas.
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