quinta-feira, 15 de março de 2012

O preconceito contra os calouros

É tola, no fundo preconceituosa, a visão de que o calouro “não pode ter peso” a ponto de decidir o futuro da universidade, “por não vivenciá-la”. Paul Feyerabend defende que, em uma sociedade livre, a participação é fundamental para “gerar aprendizado”. O processo de formação para o exercício pleno da cidadania, portanto, da democracia, é lento, gradual e constante. Não se muda comportamentos e práticas autoritárias por decreto. E uma das práticas mais autoritárias em um processo que se diz democrático é dar peso aos votos. Houve um tempo em que as mulheres não tinham direito a nada, muito menos de votarem? Sem os estudantes, a universidade não existiria. Nós, os servidores, só exercemos nossas funções plenamente, mais que tudo em sala de aula, se tivemos a partição comprometida dos estudantes. Essa história de quem entra agora não tem “maturidade” para decidir é infantil e tola. É mais uma face dessa contradição que perdura na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), libertária no discurso, porém, atrasada na prática. Querem prova maior? Demorou 100 anos (tenho dúvidas quanto a essa idade toda da Instituição) para uma mulher chegar à reitoria. E esse valor histórico de romper, na prática, com um machismo preponderante não pode ser negado. Assim como devemos romper, definitivamente, esse preconceito de que o estudante não sabe decidir. Insisto: o processo é muito mais complexo do que aparenta. No entanto, o exercício democrático, se não for pleno, trará o princípio da exclusão, abominável nas sociedades ditas modernas.




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