Do ponto de vista
administrativo, as universidades brasileiras parecem ter feito uma opção
preferencial pelo descontrole (e pela desorganização) total. Isso, porém,
parece ter uma lógica. Charles Handy, no livro Deuses da Administração, ao
falar da Cultura Existencial nas organizações, diz que ela é representada pelo
Deus Grego Dionísio. A figura que representa esse Deus é um agrupamento
individual de estrelas reunidas em círculo. Dionísio nasceu pobre, é filho de
Zeus fora do casamento, por isso recebe a ira de Hera, esposa de Zeus. Ela
ordenou aos Titãs a execução implacável de Zeus para servir de lição às
mulheres que ainda pensavam “em se meter” com o Deus da infidelidade. O menino
é raptado, despedaçado e posto em uma panela. A avó salva a criança e a mãe é
queimada. Vovó junta os pedaços, e o jovem Dionísio torna-se muito semelhante
ao pai. Esse é o enredo típico da Cultura Existencial, segundo Handy. E, para
ele, as universidades são os exemplos mais claros da “cultura dionisíaca”. Ou
seja, controlar um Deus como Dionísio é praticamente impossível. E as
universidades funcionam, do ponto de vista administrativo, como se fosse um
agrupamento de vários Dionísios. Tentar aplicar um tipo de cultura administrativa
tradicional em um ambiente de tamanha complexidade nas relações é optar pelo
fracasso antecipado. O controle, nas universidades, tem de ser exercido pelos
próprios Dionísios. Se essa não for a essência dos regimentos e resoluções,
viram letras mortas.
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