terça-feira, 6 de agosto de 2013

Os banheiros e a falta de educação doméstica

Durante a última disputa para a Reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) li algumas aberrações e respondi poucas. Em uma delas, o professor criticava "o candidato" que entrou na sala dele para "discutir os banheiros da Ufam". A postagem do professor era soberba. Não pela qualidade do texto ou das argumentações. Mas, exatamente pela soberba demonstrada no modo de tratar o assunto. O tal professor encerrava a postagem elogiando os candidatos da última disputa por não tocarem no tema. Como se, com isso, o assunto saísse de pauta. Não saiu e, tomara, um dia saia! O candidato daquela época, abril de 2004, era eu. Nove anos depois, o assunto só morreu ou é motivo de galhofa na prepotência do professor. A manutenção dos banheiros da Ufam é um dos maiores problemas enfrentados pela Prefeitura do Campus (PC). E sabem o porquê. Por que a comunidade (e não especificarei nenhum dos segmentos) os destrói em menos de 10 dias. Pasmem, leitores e leitoras! É exatamente o que leram: banheiros são recuperados e, em menos de 10 dias, novamente destruídos. E o soberbo professor sentia urticária quando se falava do assunto. Evidentemente que, embora sem citar nomes, o que o soberbo professor pretendia era me ridicularizar por, tanto à época quanto hoje, usar a metáfora dos banheiros para apontá-los como um indicador forte da "nossa falência coletiva" como locus da Educação. Milhões e milhões de recursos públicos descem pelos ralos das universidades em função da manutenção permanente de um espaço do qual os membros da comunidade surrupiam do papel higiênico à tampa do vaso sanitário. Nas duas consultas das quais participei, ressaltava a minha decepção de ter de discutir banheiros no lugar de grandes temas da Educação. Ainda fico extremamente incomodado em ter de trazer este tema de volta. Mas, algo precisa ser feito. Não podemos desperdiçar tanto recurso público com um assunto que depende de educação doméstica básica. Se na universidade ainda temos de enfrentá-lo, paciência. É o ônus resultante da nossa estreita visão de Educação e suas divisões em níveis.


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