quinta-feira, 24 de maio de 2012

O inalienável direito à alienação


Como membro do Comando de Greve dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) defendo sempre que ninguém é obrigado a aderir ao nosso movimento. Assim como, embora não considere nada razoável, por ser um defensor das liberdades individuais plenas, também defenda o direito de a pessoa ser um analfabeto político. E, em momentos de greve, essa característica aflora tanto entre professores quando estudantes. Grande parte dos nossos colegas professores, por exemplo, diz que só vai aderir à greve quando o Conselho Universitário (Consuni) se manifestar sobre a ilegalidade ou não do movimento. Santa ignorância, diria Robin ao seu companheiro Batman nos desenhos animados. Vamos fazer um exercício de lógica. Uma universidade equivale a uma organização como outra qualquer. Alguém pode imaginar um trabalhador de uma empresa privada ou de um banco qualquer, privado ou não, esperando a manifestação com Conselho de Administração daquelas organizações para entrar em greve? Qualquer trabalhador, ainda mais um professor universitário, não pode desconhecer, em linhas gerais, seus direitos básico como trabalhador. E o direito à greve é um deles. Do ponto de vista do exercício da cidadania e da formação para a vida em sociedade, chego a sentir urticária com pena dos estudantes desses professores. E essa alienação é transmita visceralmente aos seus alunos. Vejam só, leitores e leitoras, a fala de um estudante de direito da Ufam em resposta a um colega seu, sobre a visita do Comando de Greve: “Esses grevistas fizeram um arrastão na nossa Jaqueira, invadiram o CAD achando que poderiam forçar uma adesão da nossa parte, usando mentiras e intimidação, e ainda foram de sala em sala perturbar nossas aulas (eu mesmo estava em prova). A única coisa que conseguiram com essa brincadeira foi causar repulsa por parte dos alunos, aumentar ainda mais a antipatia generalizada por esse moimento e serem tachados de “comunistas baderneiros”... e nem a ameaça de suspensão do período vai fazer a gente parar”. Pelo que o estudante diz, nós, os membros do Comando de Greve, fomos tachados de “comunistas baderneiros”. No próprio discurso o estudante revela-se um alienado completo, no pleno exercício do seu direito inalienável à alienação. E pensar que são esses mesmos estudantes, analfabetos políticos, que vão operar o direito no País. Dá vontade de chorar de pensa da sociedade que tem estudantes com essa visão de mundo e sobre uma greve. Quiçá uma figura dessas nunca chegue a ser um juiz trabalhista.

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7 comentários:

  1. Meu amigo, você não pode generalizar os acadêmicos da Faculdade de Direito pela opinião de um, grave erro inescusável este seu. Apoio a greve sim, acho legitima e válida, porém não podemos usurpar o verdadeiro sentido dela. Sou acadêmico de Direito da Jaqueira, apoio sim a greve, corroboro com os ideais trabalhistas dos professores, mas pelo que vejo também temos no meio dessa greve motivos políticos e que retirando a ingenuidade do sentido, acaba sendo forma de apoio político. Melhor tomarem cuidado. Peço desculpas em nome de nossa faculdade por este evento ocorrido. Não é interessante e nem correto, porém não podemos fazer surgir este sentimento contra os acadêmicos de Direito, que em boa parte são a favor da greve. Foi feito um comentário informal e isto veio a ser usado aqui de maneira errônea. Boas novas a todos.

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    1. Leia com cuidado e veja que não generalizei. Meus comentários se referem aos que possuem a visão estreita do seu colega. Nada mais que isso. Boas novas a todos nós e obrigado pela participação.

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  2. Você não tem noção nenhuma do que seja política,talvez se lesse um pouco mais saberia o sentido de democracia. Conheço o estudante que vos "chamou" de comunistas baderneiros e isso é totalmente mentira, pois não foi isso que ele falou. A Constituição assegura a liberdade de pensamento, mas veda o anonimato, ou seja, você deveria no mínimo dizer quem lhe informou tais calúnias, que a propósito, podem ser enquadradas no tipo Penal do artigo 139 do Código Penal. Cuidado com o que divulga amigo, além do mais, sua palavras podem ser enquadradas também no artigo 140 do Código Penal, pois são de claras ofensas aos alunos de Direito. Respeite a Faculdade de Direito, dá pena de ver que você deturpa o real pensamento dos alunos e dessa vez, falo por mim e me reservo ao direito de falar por alguns conhecidos: Não somos contra a greve, e repito, não somos contra a greve, sabemos que o salário dos professores é miserável e que as condições de trabalho são terríveis, mas demos uma sugestão que não foi considerada, poderíamos fazer passeata, parar ruas, distribuir panfletos para melhor impacto da greve, o que não queremos é a suspensão das atividades e o cancelamento do período, porque vocês querem que os alunos parem de assistir aulas, mas não criam políticas para envolver todos os alunos realmente na greve, ao invés de fazer com que os alunos fiquem em casa esperando sentados o resultado. Somos solidários à greve, podemos ajudar de várias formas, mas novamente repito, não queremos suspender as aulas. Façam um programa que envolva os alunos no movimento para que possamos participar, porque simplesmente parar as aulas só vai prejudicar os alunos.
    A propósito, você deveria fundamentar melhor seus argumentos, de onde você tem essas informações? Digo no sentido de colocar data dos fatos, número dos documentos pelos quais se fundamenta, etc...

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    1. Caro Anderson, obrigado por participar do debate. No seu texto, você afirma ser "totalmente mentira" o que escrevi. Caso queira ter acesso ao documento que postei "entre aspas", por ser exatamente o que o acadêmico disse, basta me procurar. Não divulguei o nome dele nem o farei por respeito à fonte que me pediu para não expor o nome do colega. É um direito sagrado que tenho como jornalista. Saudações!

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  3. O correto e oficial posicionamento do Centro Acadêmico em nome da Faculdade de Direito é de conhecimento do comando de greve.
    Aqui não faz sentido esse tipo de sensacionalismo irônico a partir de um episódio isolado.

    Chega a ser ridículo querer mostrar esse tipo de imagem claramente baseada em paradigmas preconceituosos utilizando-se da opinião de um único aluno, opinião essa que independente de ser da Faculdade de Direito, se repete em igual teor em quase todo o resto da universidade de maneira isolada ou não.

    Como aluno, apoio o movimento sim, e as causas são mais do que legítimas, mas esse tipo de postagem só vem a semear a discórdia dentro dos próprios anseios do movimento grevista.

    Aqui quem fala é Alex Chang, membro do CAD, presente em ambos os contatos que a FD teve com o comando de greve.

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    1. Obrigado por participar Alex. Releia o texto com cuidado e verás que me refiro aos que possuem visão estreita de mundo, inclusive dos movimentos grevistas. Há, em todas as profissões, pessoas desse tipo, inclusive, entre jornalistas. Cabe a nós, de todas as área, que possuímos visões menos míopes lutarmos por um mundo melhor. Saudações!

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    2. A sua postagem, imagino ter função informativa ou que traga a reflexão já que preza pelo bom jornalismo.
      aqui o colega Pedro já resume todo o necessário.

      ''você não pode generalizar os acadêmicos da Faculdade de Direito pela opinião de um, grave erro inescusável este seu..
      ..não podemos fazer surgir este sentimento contra os acadêmicos de Direito, que em boa parte são a favor da greve. Foi feito um comentário informal e isto veio a ser usado aqui de maneira errônea.''

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