A política produtivista que o Governo Federal tenta nos impingir, ou
melhor, agravar com o Projeto de Lei 4.368/2012 não é algo gestado apenas nos
gabinetes de Brasília. Encontra eco, e muito, entre os nossos colegas professores,
que, em verdade, consideram-se pesquisadores, porém, não trabalhadores da
Educação Superior. Essas pessoas fazem parte daquela elite de intelectuais que,
inclusive, deve ter o maior preconceito em relação a Luiz Inácio Lula da Silva
e ao Palhaço
Tiririca, considerado por jornalistas como um dos melhores deputados
federais do País. Essa comparação com Lula e Tiririca é para dizer que o
despenho político-administrativo de uma pessoa na depende do dito “mérito
acadêmico”. Portanto, soa esdrúxula, antidemocrática e pedante a ideia que
esses “Pesquisadores Qualis A” começam a defender e tentar espalhar pelas
universidades públicas do País inteiro: de que a escolha para o cargo de reitor
seja feita tendo como critério o número de artigos publicados pelo candidato em
“Revistas Qualis A”. Trata-se de uma proposta excludente e que revela a
intenção política desses pesquisadores: formar uma nova casta dominante dentro
das universidades brasileiras. Por isso, não é à-toa que estejam contentes com
a nova carreira proposta pelo Governo Federal com barreira quase intransponível
para a ascensão ao nível de professor titular. Os que fazem parte dessa turma,
certamente, começarão a defender que a escolha para os próximos reitores (ou
reitoras) seja feita no regime de 70% de peso para os professores, 15% para os
técnicos e 15% para os estudantes, “como manda a lei”. Na Universidade Federal
do Amazonas (Ufam), porém, conquistamos primeiro o direito de escolha por meio
de “consulta à comunidade” com o uso do voto paritário. Em duas consultas
participei dessa luta democrática, inclusive como candidato. Trata-se de uma
conquista da qual não abrirei mão. Lutarei, conjuntamente com os colegas
professores, técnicos e estudantes para que o processo, se não avançar para o
voto universal, que se mantenha pelo menos a paridade. Da mesma forma, não
perfilarei ao lado daqueles que defendem as “eleições Qualis A”. Seria uma
incoerência tamanha participar de uma greve de 120 dias que defende uma
carreira igualitária, com oportunidade de ascensão na carreira para todos os
professores e,em seguida, defender que a escolha dos reitores seja baseada nos
mesmos critérios produtivistas usados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes). Não esperem incoerência política da minha
parte pois não a terão. Jamais participarei novamente de uma escolha para
reitor cuja regra sejam os 70%, 15%, 15%, muito menos nas quais sejam usados os
critérios “Qualis A” ainda que tenha as credenciais para tal. Defenderei os
princípios democráticos nos quais acredito, muito embora já não creia tanto
nesse modelo de democracia burguesa, não apenas por meio de palavras. Atos
também demonstram nossas crenças.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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