Parece-me muito estranho, e cheira à manobra, o movimento feito pelo
Governo Federal de enviar ao Congresso Nacional, no mesmo dia, dois Projetos de
Lei de suma importância para a Educação Superior do País. Exatamente no dia 31
de agosto de 2012, quando encerrou as negociações unilateralmente com os docentes
em greve, o Governo mandou ao Congresso o Projeto de Lei 4.368/2012, que “reestrutura
a carreira docente”. Junto com ele, e pouca gente percebeu, foi, também, o PL
4.372/2012, que “cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da
Educação Superior (INSAES) e dá outras providências”. Esvaziar parece ser um verbo
ameno para os propósitos do PL 4.372/2012. O que ele propõe é acabar com o
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anysio Teixeira (Inep). Vejamos o que
diz o Art. 2º do Projeto: “O INSAES tem por finalidade supervisionar e avaliar
instituições de educação superior e cursos de educação superior no sistema
federal de ensino, e certificar entidades beneficentes que atuem na área de
educação superior e básica.” De uma tacada só o Governo acaba com o Inep e
esvazia a Secretaria de Educação Superior (SESU) do próprio Ministério da
Educação (MEC). Dentre as “competências do INSAES” chama a atenção: “VIII -
decretar intervenção em instituições de educação superior, e designar interventor,
nos termos de lei específica”. Outro ponto que deve ser destacado: “X -
conceder, renovar concessão e supervisionar a regularidade do Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social - CEBAS, quanto às entidades de educação
superior e de ensino básico, observados os requisitos e a sistemática da Lei Nº
12.101, de 27 de novembro de 2009”. Mais um ponto das competências que me
chamou a atenção: “XII - aprovar previamente aquisições, fusões, cisões,
transferências de mantença, unificação de mantidas ou descredenciamento
voluntário de Instituições de Educação Superior integrantes do sistema federal
de ensino”. Ao que parece, e posso estar errado, o Inep será engolido, a SESU
perde poder e, pior, a autonomia já capenga das universidades brasileiras e dos
institutos federais recebe um golpe de misericórdia. Fico a me perguntar,
também, se a criação deste Instituto com tantos poderes não seria parte do “processo
de negociação e acordo” com aquela Federação-Fantasma com a qual o Governo “assinou”
o acordo do PL 4.368/2012? Há algo de muito estranho no ar. Com greve ou sem
greve temos de pautar, com urgência, também, a discussão do PL 4.372/2012 sob
pena de sermos engolidos sem nem percebermos. Fica a sugestão!
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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