Hoje, a partir das 15h, quando começar a Assembleia Geral dos
professores e professoras em greve da Universidade Federal do Amazonas (Ufam),
no Auditório da Associação dos Docentes da Ufam (Adua-SS), quando se começar a
discutir a suspensão unificada da greve,
como principal encaminhamento do Comando Nacional de Greve (CNG) do Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), viverei
um dos episódios mais tristes e melancólicos da minha carreira de professor da
Ufam. E explicarei o porquê destas tristeza e melancolia. No dia 31 de agosto
de 2012, na AG que votou pela continuidade da greve, o discurso da professora
Sandra Noda, ao revelar que pela proposta de “acordo” forjado entre o Governo Federal
e uma Federação-Fantasma, ela, com 30 anos de trabalho, estacionará no nível como
professora Associada até a aposentadoria. Para ela, manter a greve era uma
questão de justiça. Tinha prometido a mim mesmo que não me manifestaria. A fala
da professora Noda me estimulou a contar o meu drama profissional-pessoal. Pela
carreira atual, em março de 2013, passaria para o nível de professor Associado
II. Pela proposta que agora tramita no Congresso como Projeto de Lei (PL),
ficarei estacionado na condição de Associado I até 2022. Contei essa história
naquela AG. Nossas falas foram fundamentais para que o placar favorável à
continuidade da greve fosse 86 a 2, com 2 abstenções. De lá para cá, nenhum
fato novo ocorreu que me fizesse mudar de ideia: tenho convicção que nossa luta
por uma carreira digna é justa e que o PL em tramitação no Congresso é
desastroso para a carreira e para a universidade pública, gratuita, de
qualidade e socialmente referenciada. Das 51 universidades que se mantinham em
luta apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) votou pela saída da
greve. As 50 demais se pautam pelas grandes universidades? Será que somos
neocolonias dessas “grandes universidades”? Essa greve é forte porque 33
universidades pararam conjuntamente. As demais foram levadas de roldão,
inclusive, a UFRJ. Que votemos pela saída da greve, portanto, por convicção. E
não porque “uma grande” saiu da greve. Entendo que não se pode passar a vida
inteira em greve. Sair dela, porém, com “uma mão na frente e a outra atrás” é
um ato de covardia coletiva das demais 50 instituições que ainda estão paradas.
Em não sendo covardia coletiva, trata-se de uma espécie de “neocolonialismo
sindical”, algo que também não sou obrigado a aceitar. Será que temos “complexo
de periféricas”? Não entrei nesta greve, inclusive como membro efetivo e
atuante do CLG-Adua-Ufam, para ser massa de manobra de ninguém. Fui convencido
da necessidade de uma remuneração justa, porém, acima de tudo, melhoria das
condições de trabalho. A carreira que engoliremos é um desastre, uma catástrofe
para a universidade pública na qual acredito. As condições de trabalho são
indignas. Ainda assim, nossos líderes apontam para a suspensão unificada da greve. Não há nenhum fato novo capaz de
mudar a convicção que eu tinha na sexta-feira, dia 31. Curvar-me-ei à decisão
coletiva. Particularmente, porém, qualquer que seja o eufemismo usado para a
saída da greve, o farei com o sentimento de tristeza e melancolia por “abandonarmos
o front” contra essa forma autoritária com que o Governo Federal nos obrigou a
engolir uma carreira catastrófica e um acordo forjado entre ele (o governo) e
uma Federação-Fantasma. Estou convicto de que não é hora de recuarmos apenas
porque a UFRJ nos deixou no meio do caminho! Mas, respeitarei o que a categoria
decidir. Em respeito aos colegas do CLG-Adua-Ufam, manter-me-ei em silêncio
sepulcral na Assembleia de hoje. É minha forma de protesto!
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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