quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Ufam: qualidade de ensino ZERO uma ova!


Recentemente, o jornal Folha de S. Paulo, editado pela empresa Folha da Manhã S.A, divulgou o “Ranking Universitário Folha (RUF)”, com o objetivo de ser tornar referência, como o fazem algumas empresas no exterior, na avaliação das universidades brasileiras. A empresa usou quatro indicadores para atribuir notas: qualidade de ensino, qualidade de pesquisa, avaliação do mercado e indicador de inovação para chegar a uma “nota final”. A classificação, em ordem decrescente, portanto, foi baseada na nota final. No critério utilizado pela empresa, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi classificada como a 43º do País, com as seguinte notas: zero em qualidade do ensino, 36,71 em qualidade de pesquisa, 9,37 em avaliação do mercado e 3,63 em indicador de inovação. A nota final da Ufam foi 49,71. Apesar de todos os pesares, a Ufam aparece a frente da Universidade Federal do Grande ABC (Ufabc) e da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP). Não se deve, porém, supervalorizar ou subvalorizar esse tipo de classificação. Fazer ranking é uma mania norte-americana que os brasileiros parecem ter incorporado ao dia-a-dia. Nada mais que isso. No entanto, não se pode deixar de comentar, e até se indignar, que a elaborar esse tal RUF, a Folha de S. Paulo chegou ao mágico número de 132, das 191 avaliadas, com nota ZERO em “qualidade do ensino”. Todos sabemos das péssimas condições de trabalho nas universidades brasileiras. Esse, inclusive, foi o item da pauta de luta dos professores e professoras em greve que mais unificou a categoria: muito além dos salários. Aliás, a divulgação de um “ranking” desses justamente no auge da greve, com as melhores classificadas sendo as assumidamente “produtivistas”, que seguem rigidamente a cartilha da Capes e o CNPq não me parece algo “sem nenhuma intenção”. Não chegarei ao extremo de dizer que o RUF não merece respeito e que não tem credibilidade nenhuma porque, se isso fosse verdade, nem eu estaria aqui a escrever sobre o assunto. Não sei as outras que “ganharam o Zero”, porém, como professor da Ufam e orgulhoso do trabalho individual que desenvolvo e em nome de muitos colegas que conheço, extremamente profissionais, que sacrificam horas e horas na preparação de aulas, que compram os melhores livros do mercado e os repassam aos seus estudantes, enfim, em respeito ao sacrifício individual e coletivo de cada colega para superar as péssimas condições de trabalho e exercer com dignidade a profissão (embora em condições indignas) digo a você Folha de S. Paulo, com seu RUF, “qualidade de ensino Zero na Ufam uma ova”. Como poderíamos chegar aos 36,71 de qualidade de pesquisa e aos ínfimos 3.63 de índice de inovação se fossemos “zero” em ensino? Temos limitações sim, no entanto, não somos ZERO. É bem-verdade que, com a carreira imposta pelo Governo, temos grandes chances de piorar. Que o trabalho que desenvolvemos diariamente em sala-de-aula precisa melhorar, não tenho dúvidas. Mantenho a convicção de que o pior ambiente de aprendizagem dos nossos tempos é a sala de aula. Não se pode ter aprendizagem dissociada da vida. Temos um grupo, na Ufam, inclusive, que sempre defendeu publicamente a necessidade de excelência no ensino de graduação desde 2005. De lá para cá, pouca coisa se fez nesse sentido. Assumir publicamente um ZERO em qualidade de ensino, porém, seria negar o acúmulo de experiências ao longo de toda a história da instituição. Que as empresas sejam mais criteriosas e honestas quando forem publicar classificações como essas é o que se espera!

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

Visite também o Blog Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.