Desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, quando os “Tucanos” da
Social Democracia Brasileira chegaram ao poder, “tucanar” se transformou em um
dos verbos mais usados pelos humoristas para representar as atitudes do Partido
de FHC que “sempre ficava em cima do muro”. Na fala, “tucanar” é dizer uma
coisa quando se quer, na verdade, dizer outra. Na última Assembleia Geral da
Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua-SS), quando
fui convencido por grande parte dos presentes que “não havia saída honrosa para
a greve”, cheguei a dizer, em tom de ironia, que respeitava muito as decisões
do Comando Nacional de Greve (CNG), porém, aquela expressão “suspensão
unificada da greve” não passava de uma artifício para esconder o que já estava
a ocorrer: o fim da greve. Hoje, não tenho apenas a convicção de que “tucanaram”
o fim da greve. Fizeram pior, “tucanaram”, também, a “suspensão unificada”. Não
se trata de um mero exercício de retórica. Quando um CNG encaminha para as
bases a proposta de “suspensão unificada” do movimento, entendo que seria o
seguinte, coso a proposta fosse a vencedora: todas as Seções Sindicais, em uma
única data, suspenderiam a greve. Haveria unificação, no meu entendimento, se,
pelo menos, as que decidissem por esse caminho, o fizessem conjuntamente. Quando
se aprova o indicativo de “suspensão unificada” da greve, mas, cada uma sai na
hora que bem-entender, o sentido de unidade do movimento já foi para o espaço
faz tempo. Portanto, a ideia de “suspender a greve” para “ganhar forças” e retomar
o movimento em seguida é uma grande balela. Enquanto algumas Seções Sindicais
já decidiram que permanecerão em greve por tempo indeterminado, outras
indicaram várias datas diferentes para a “suspensão”. Decisões nesse caminho
podem ser tudo, menos unificadas. Ao que tudo indica, o Governo Federal atingiu
o objetivo maior: trincar a unidade dos próprios docentes das federais. Juntar
os cacos após o retorno, a suspensão, a saída o que quer que seja será o maior
desafio das bases.
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