É difícil entender, causa-me revolta e decepção, o caminho tomado
pelas universidades públicas brasileira em um momento crucial para a
sobrevivência delas: a tramitação do Projeto de Lei 4.368/2012, resultado de um
acordo forjado entre o Governo Federal e a Federação-Fantasma que atende pelo
pomposo nome de Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais
de Ensino Superior (Proifes-Federação). Ao invés de indicarmos a “suspensão
unificada” da greve, o momento era de radicalização e luta, nem que fosse junto
ao Congresso Nacional. Razões temos, de sobra, para permanecermos em greve, e
nenhuma, isso mesmo, nenhuma para retomarmos o trabalho. Ainda que o PL
4.368/12 fosse o melhor dos mundos, a forma como foi gestado e imposto aos
professores e professoras em greve já seria um excelente motivo para não
aceitarmos a postura autoritária do Governo. Afora isso, os professores da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) resumiram o desastre que será para
a universidade pública brasileira a aprovação deste PL da forma que está: “torna
a carreira nas UFs pior que do EBTT, permite contratar graduados para dar aulas
fazer pesquisa e extensão no ensino superior, permite que professores busquem
outra fonte de renda mesmo sendo DE e torna a carreira não atrativa para
futuras contratações com supressão dos direitos trabalhistas.” Esses mesmos professores
da Unifesp, após quatro horas de Assembleia, realizada no dia 5 de setembro de
2012, tomaram as seguintes decisões: indicativo de suspensão temporária para
dia 17/9, indicativo de não ministrar aulas para ingressantes e de suspensão do
vestibular caso PL não seja revisto.” Para além das decisões políticas,
consideraram imprescindível a “retirada do art.37, o qual cancela o decreto que
regulamenta a carreira docente e seus direitos e deveres” e, se necessário,
irão à justiça questionar a constitucionalidade do PL 4.368/12. Vou mais além.
Defendo sim, para não prejudicar os estudantes, retomemos o período letivo
suspenso, porém, sem saída ou suspensão da greve. Algo que o professor Aloysio
Nogueira, em tempos idos, denominou de greve didática. E como os colegas da
Unifesp defendem, que não retomemos o segundo período letivo caso o PL não seja
modificado. Só em greve seremos capazes de nos mobilizar para pressionar o Congresso
Nacional a não aprovar esse PL que desestrutura a já combalida carreira do
Magistério Superior. Fiz, na última Assembleia da Associação dos Docentes da
Universidade Federal do Amazonas (Adua-SS) a proposta de que, unidos Brasil afora,
pressionemos os parlamentares de cada estado para a criação de uma Frente
Parlamentar cujo nome provisório seria “Frente Parlamentar Suprapartidária por
melhores condições de trabalho e pela carreira de professor federal (contra o
PL 4.368/12)”. É um engodo dizer que não devemos lutar contra aprovação desse
PL por não ter sido por nós referendado. Deixar de lutar e engolir uma carreira
pior do que já temos é uma covardia coletiva inadmissível.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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Volte a trabalhar, meu senhor, estamos cansados e fartos das suas bravatas pseudorevolucionárias, acorda pra vida! http://revistaepoca.globo.com/opiniao/eugenio-bucci/noticia/2012/09/chega-de-revolucao-o-que-eu-quero-e-sossego.html
ResponderExcluirCaro Vitor, nem você, nem ninguém é obrigado a ler o que escrevo. Quando estiver cansado, como agora, não leia. Ao que parece, porém, és leitor assíduo e tens grande interesse no que escrevo. Em sendo assim, muito obrigado pela participação. Não se trata de bravata, meu caro, mas sim do exercício líquido e certo garantido pela Constituição. Voltarei quando a minha categoria assim o decidir e não quando você o desejar.
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