Ao mandar para o Congresso o Projeto de Lei (PL) 4.372/2012, que “cria
o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (INSAES) e
dá outras providências”, o Governo Federal não deixa dúvidas de que apertará o
cerco das universidades públicas e privadas com a criação de mais uma entidade
para “avaliar e supervisionar” a educação superior do País. No entanto, o
Governo parece esquecer que supervisionar e avaliar a Educação Superior do País
também passa por se avaliar o próprio Ministério da Educação (MEC) só para
ficar em um exemplo. Recordemos o que diz o texto do PL 4.372/2012, no Art. 2º:
“O INSAES tem por finalidade supervisionar e avaliar instituições de educação
superior e cursos de educação superior no sistema federal de ensino, e
certificar entidades beneficentes que atuem na área de educação superior e
básica.” Ora, se o MEC cria mais órgão de “fiscalização”das universidades
brasileiras, quem fiscalizará o MEC? A avaliação como processo não pressupõe que
quem avalia também tem de ser avaliado. O processo de tomada de decisões no
Ministério é democrático, pressupõe o respeito às diferenças, respeita a
autonomia das universidades? Pensa a supervisão e a avaliação da educação como
se fosse similar ao mesmo processo em uma fábrica não se sustenta. Pior que
isso será se nós, professores e professoras das universidades, aceitarmos algo
importo da forma como parece ocorrer. Se a avaliação não é um processo de
mão-dupla, passa a ser simplesmente medição. Ou o que é pior, mera supervisão
ou fiscalização. Essa é uma forma estreita de se encarar o problema da educação
no País. Se é para avaliar, o MEC também precisa ser avaliado.
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