Ao me manifestar sobre a Lei de Cotas, antecipei, há muito a
necessidade de se implantar uma política pública de nivelamento dos que fossem
beneficiados pela Lei. Não deu outra! A regulamentação prevê a necessidade do
nivelamento. Ainda que a Lei não previsse, pedagogicamente, entendo, que o
nivelamento é fundamental quando se tem o foco na saída dos estudantes e não na
entrada. Logo, de suma importância quando se fala em elevar o nível da Educação
no País. Mais que isso, defendo que o nivelamento é um direito social, quiçá
fundamental, de todo cidadão. Não se pode encará-lo meramente como uma
necessidade de “nivelar a clientela” como o fazem as instituições particulares.
Nas instituições públicas, creio e defendo, se trata de um direito básico. Tomemos
como exemplo, o modelo anacrônico e atual de “avaliação” que, em verdade vos
digo, se trata, apenas de “medição”. Ainda hipoteticamente, tomemos um curso de
Medicina com 50 vagas. E tomemos uma escala de 100 pontos em um vestibular
qualquer. A universidade selecionará os 50 primeiros. Apenas como exercício
mental, vamos imaginar que o primeiro colocado conseguiu 100 pontos e todos os
demais candidatos foram aprovados com 50 pontos. Essa turma de Medicina tem o
mesmo nível? Todos foram aprovados, mas, há uma vala enorme entre o primeiro e
os demais selecionados. Embora hipotético, casos similares ocorrem
permanentemente quando se usa o processo de seleção atual. Com Enem ou com
Vestibulares, pedagogicamente, criar programas de nivelamento é essencial para
que se corrija essa falha que não é apenas a formação, mas, do próprio
processo. Dessa forma, não se pode o nivelamento como uma “queda na qualidade”
do ensino superior. Ao contrário, é parte do processo de melhoria, de elevação
do nível de todos os que conseguirem passar pelo funil da seleção nas
universidades públicas. Lavar as mãos e esperar que todos os estudantes que
foram selecionados cheguem preparados comprovadamente não deu certo. A Lei de
Cotas, talvez, por caminhos tortos, leve as universidades a fazer o que sempre
deveriam ter feito.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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