segunda-feira, 24 de junho de 2013

As premonições sobre o futuro da Internet

Tenho vontade de rir quando leio e ouço comentários de alguns professores que se consideram verdadeiros oráculos com opiniões a respeito da Internet e o que nela ocorre. Há teóricos que se enquadram na mesma categoria dos que adoram fazer "premonições sobre o futuro da Internet". Quero ver é fazerem Ciência? Publico, a seguir, dois parágrafos da minha tese " Por um clique: O desafio das empresas jornalísticas tradicionais no Mercado da Informação – um estudo sobre o posicionamento das empresas jornalísticas e a prática do jornalismo em redes, em Manaus", escrita em 2002 e defendida em 2003, ou seja, há 10 anos, na Escola de Comunicação e Artes Universidade de São Paulo (ECA-USP) sobre a Internet em Manaus e o que ela viria a ser no mundo. Ao que tudo indica, acertei em todas as análises. Se não, vejamos:
"No caso da banda larga, cujo acesso é feito através de uma rede de fibras óticas e cabos coaxiais, comparativamente com as tarifas telefônicas, o valor torna-se relativamente baixo. Em Manaus, por exemplo, um cliente da Horizon Serviços Digitais, para ter acesso a uma conexão dedicada de 64Kbps, precisa assinar o pacote mínimo de TV por cabo denominado “Pacote Express”, que custa R$ 18,00. Além disso, paga R$ 24,50 pelo Papalégua; R$ 29,40 pelo Provedor e R$ 15,00 de aluguel do Cable Modem. Portanto, para se ter acesso à Internet de banda larga, em Manaus, com a velocidade mínima, que é 64Kbps, e sem suporte técnico, por isso o pacote recebe o nome de “light”, o cliente desembolsa, mensalmente, a quantia de R$ 86,90. E esse valor deveria ser ainda menor se a Horizon seguisse em Manaus o que foi determinado em São Paulo. Lá, o Procon determinou a empresas que prestam serviços de Internet rápida utilizando a mesma estrutura da TV por cabos não podem cobrar pelo provimento de acesso. Assim, o valor total de R$ 86,90 cairia para R$ 57,50. O que a Telefônica propõe em São Paulo, e que deve se tornar regra, com pequenas variações, no Brasil inteiro, é uma tarifa única de R$ 19,90 para uso ilimitado da Internet por linha telefônica, através do provedor iTelefonica. Certamente haverá um realinhamento de preços no setor.
Quem duvida que, a partir do momento em que o serviço for oferecido, a competição na Internet brasileira, não se dará mais nos moldes atuais? E que ninguém duvide, e as empresas jornalísticas tradicionais não deixem de vislumbrar este cenário para um futuro não muito distante: as operadoras de telecomunicações, após consolidarem o negócio de provimento de acesso, necessariamente vão investir na coleta, produção e distribuição de conteúdo no Mercado da Informação. E vão fazer isso porque, como bem ressaltou DERTOUZOS, a tendência é o controle total do fluxo de informações. Quem garante que as empresas de telecomunicações não vão querer todo o processo de produção de conteúdos para a WEB? Certamente o farão, pois como disseram HOFFMAN e NOVAK, a WEB tem uma característica intrínseca: deixar de ser um canal de comunicação e marketing e passar a ser o próprio mercado." O que vejo hoje é muito professor fantasiado de teórico da Internet por ser mero usuário. Começo a pensar em publicar minha tese, produzida há 10 anos, cujos primeiros resultados no que apontei no estudo começam a se concretizar agora. À época, fui considerado por muitos um visionário. Hoje, tudo o que apontei na minha tese virou realidade. É como dizem os caboclos:"Respeitem as caras!".

Para referenciar:
MONTEIRO, Gilson. Por um clique: O desafio das empresas jornalísticas tradicionais no Mercado da Informação – um estudo sobre o posicionamento das empresas jornalísticas e a prática do jornalismo em redes, em Manaus. (Tese) 2002. Universidade de São Paulo (Usp). Escola de Comunicações e Artes (ECA) Doutorado em Ciências da Comunicação. São Paulo: 2003.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!


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