Divirto-me e me preocupo quando leio discussões
sobre a prática do jornalismo reduzidas a expressões tais como "jornalismo
meia-boca" para se referir à prática do jornalismo atual ou para se fazer
contraposições ao que se convencionou chamar de jornalismo multimídia. Como sou
defensor da denominação Mídias Digitais, diria que não se trata de jornalismo
multimídia, mas, de jornalismo em redes digitais, ou, jornalismo para as Mídias
Digitais. À parte a taxionomia, o que me preocupa muito mais é o maniqueismo
acadêmico de tais expressões. Falar em jornalismo meia-boca é como se criar o
par correlato "jornalismo de boca inteira": expressão que significaria
o jornalismo bem praticado, bem feito. Quem produz conteúdos para as Mídias
Digitais não pode ser denominado, de forma reducionista, meramente jornalista. É
um profissional multifacetado, que precisa ter conhecimentos, não-rasos, de
todas as áreas da Comunicação, mas também, das áreas de Ciência da Informação e
Ciência da Computação. Por mais que os puristas, os defensores do jornalismo de
boca inteira tentem se remoer nos sarcófagos, há uma tendência mundial que não
será revista porque os faraós do jornalismo tradicional esperneiem. Esses,
aliás, fazem isso, certamente, por pura ironia. Não creio que sejam tão
ingênuos a ponto de não reconhecerem que, na estrutura atual do capitalismo,
sonhar com a prática do jornalismo de boca inteira é pura utopia. Desde que
Émile de Girardin descobriu a fórmula de sustentar os jornais por meio dos
anúncios, não se faz outra coisa, na prática do jornalismo, do que dobrar os
joelhos diante dos capitalistas (anunciantes). Nem em tese, nem na prática, há
jornalismo de boca inteira. Há muito, o que se faz, é um nojento jornalismo
meia-boca!
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