quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A anomalia da prestação de serviços nas universidades

A prestação de serviços, que muitas lideranças sindicais dos professores e dos técnicos administrativos em educação se dizem contrários, criou uma anomalia nas universidades públicas brasileiras que vitimou até essas lideranças, pegas aqui e acolá a "prestar serviços" como forma de complementar o salário e fugir dos empréstimos consignados que abarrotam de linhas os contracheques dos servidores públicos. E qual é a anomalia? Simples. A finalidade da universidade pública não é a prestação de serviços, mas, a formação para o exercício pleno da cidadania. Em épocas de vacas magras, prestar serviços passou a ser uma forma de captar recursos para financiar despesas correntes das universidades públicas. Acontece que a maior parte do bolo dessa captação de recursos passou a estufar os bolsos de meia dúzia de professores além, é claro, de tirar do Estado o seu dever constitucional de financiar o ensino público em todos os níveis. Para piorar, criou uma casta privilegiados, encastelados no chamados órgãos suplementares, que deixam de ter como foco a universidade e passam a focar nos projetos que rendem recursos para a casta que os dirige, que não muda há dezena de anos. Alguém precisa por o dedo nesta ferida que, aos poucos, mata a universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. Quem tem coragem? É preciso avaliar que, quando a atividade fim da universidade passa a ser a prestação de serviços, pesquisa, ensino e extensão se transformam em meios para se atingir o fim de prestar serviços. É mais do que evidente que, em sendo assim, a universidade pública perde a sua essência e passa a funcionar como locus de privilégios de uma meia dúzia de iluminados que arrecada muito e repassam uma ninharia para a universidade. Usar a estrutura pública para prestar serviços e embolsar 90% dos recursos e destinar apenas 10% do arrecadado para a universidade beneficia o professor que arrecada os recursos e não a universidade. E isso, além de não ser justo, se nos apresenta como criminoso. Há que se repensar o modelo que aí está antes que a universidade pública afunde de vez e os privilégios e privilegiados se transformem em uma casta que controlam até a sucessão da administração superior pela força do dinheiro e da influência entre os colegas que passam a ter. A anomalia cria tentáculos inimagináveis.


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