Uma
tirinha modificada, publicada em uma prova de uma escola fundamental, em Rio
Branco, no Acre, ganhou contorno de escândalo e, se duvidar, o Pastor Marcos
Feliciano pode aparecer, a qualquer momento, para condenar a professora da
disciplina a "arder permanentemente no fogo do inferno". Vejam, caros
leitores e leitoras, como um
site de notícias inicia a divulgação do fato: "Uma prova de língua
portuguesa contendo um palavrão foi aplicada a alunos em uma escola fundamental
em Rio Branco, no Acre. No teste, a palavra “pica” foi colocada em uma tirinha
alterada da Turma da Mônica, gerando polêmica entre os pais das crianças".
Uma
análise da "tirinha modificada" leva-me a crer que o centro da
polêmica não deveria ser a grafia equivocada de "pipoca". O pessoal
da "revisão" dormiu no ponto (ou até mesmo de propósito) e pipoca
virou aquilo lá que espantou o pipoqueiro. O problema talvez esteja na frase
"Leia a tirinha a baixo (sic) e responda a questão 16". Ainda assim,
sem nenhum preconceito linguístico, o que houve foi um espaço em branco a mais
e a sílaba "po" a menos.
Entendo
que o episódio poderia ser usado pela direção da escola de forma didática. Não
para condenar publicamente uma professora que, no mais das vezes, trabalha sem
motivação, sem salários dignos e em péssimas condições de trabalho. Não conheço
a escola e não sei se esse foi o caso, mas, o certo, é que todos nós somos
passíveis de cometer erros de grafia: por desleixo ou por pressa. São erros,
porém, que jamais podem provocar à condenação pública de um profissional. É
preciso levar a conta a história de vida das pessoas, os bons serviços
prestados até então e "dar um desconto" e, no máximo, exigir mais
atenção e zelo da professora ao revisar o texto das provas a serem aplicadas.
E
quanto ao palavrão (que nem é assim uma palavra tão grande para figurar no
aumentativo, embora muitos homens tenha trauma em relação ao tamanho da
palavra) serve de mote para uma excelente aula de Educação Sexual, puxada pela taxionomia
dos órgãos genitais femininos e masculinos. Talvez, assim, se vencesse, definitivamente,
o mito vagina e do pênis (ou pene) e o assunto deixasse de ser tabu e passasse
a fazer parte da vida das pessoas, com muito mais naturalidade. Afinal,
"pais das crianças", as crianças só existem porque, em algum momento,
vagina e pênis foram usados.
OBS:
Fosse em uma tese ou dissertação, bastaria uma errata: "onde se lê "a
baixo", leia-se "abaixo" e onde se lê "pica", leia-se
"pipoca".
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