segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A estrutura funcionalista que interfere na aprendizagem


Quando propago, há quase oito anos, que a grande revolução da universidade brasileira, principalmente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tem de ser pedagógica, é porque não entendo como haver mudanças (ou avanços) administrativas sem que o guia seja o processo pedagógico de aprendizagem. Aliás, vou além: o processo de troca de saberes e não apenas de aprendizagem. Uma mudança nesta perspectiva do olhar significaria implodir a atual estrutura funcionalista de poder a partir do ambiente de aprendizagem, hoje tido como única e exclusivamente a sala de aula. Um espaço no qual o professor (ou a professora) é a autoridade máxima do saber, o único detentor do conhecimento, não há  trocas. A estrutura atual parte do pressuposto de que o professor detém o saber e o estudante é um mero receptor. Pouco se avançou em relação ao que Paulo Freire denominou de “educação bancária”. E sabe o porquê de pouco se avançar neste campo da estrutura formal de poder? Porque a estrutura administrativa (de poder), do Ministério da Educação (MEC) às Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas, é extremamente autoritária e interfere diretamente no processo pedagógico. Os avanços no ambiente e aprendizagem (que até pode ser uma sala de aula) não são precedidos de avanços, na mesma proporção, na estrutura administrativa. Assim sendo, quem pensa a Educação de forma diferente precisa, urgentemente, ocupar os ambientes decisórios formais a fim de quem haja, efetivamente, a “revolução pedagógica”. Projetos pedagógicos engessados, pouca autonomia dos estudantes na escolha das disciplinas e a própria estrutura disciplinar (e por créditos) são entraves a serem superados. A universidade não pode ter uma estrutura disciplinar com o fim de disciplinar. Precisa mudar a perspectiva do olhar. Quebrar as rotinas. Entender-se como complexa, na plenitude da complexidade, e se tornar circular, cooperativa com a finalidade de libertar, não de nos aprisionar às teorias, portanto, aos teóricos, e a uma estrutura administrativa ultrapassada. Velocidade e autonomia na tomada de decisões são princípios norteadores de uma organização moderna. Ou a universidade guia-se por uma pedagogia libertada e cria uma estrutura administrativa que também tenha como objetivo a libertação ou patinhará em picuinhas internas permanentes que cercearão os espasmos de liberdade conseguidos em alguns raros ambientes de aprendizagem nela contidos.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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