segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um NÃO bem grande à mediocridade


Desde que ingressei na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 1985, como estudante de jornalismo, e em 1993, como professor, que ouço a mesma cantilena de que há um pacto de mediocridade na universidade brasileira: estudantes fingem que aprendem e professores fingem que ensinam. Há, em um jogo desses, no mínimo, “leveza” de caráter de ambas as partes. E quando, em uma universidade, isso é regra, como pensar em mudar a sociedade? Irritam-me profundamente as pessoas que relevam comportamentos pouco éticos dentro da universidade com o argumento de que ela (a universidade) é um espelho da sociedade. Trata-se de argumento pouco crível. Acima de tudo porque não podemos aceitar que a sociedade seja pouco ética e aceite pequenos deslizes. Ainda assim, se isso for verdade, cabe à universidade ser o lócus do sonho de que algo pode ser feito para melhorá-la (a sociedade). Há, ainda, nesse submundo dos pequenos delitos, artigos em dupla, trio e quetais feitos apenas por um, mas, com a assinatura dos demais. “Combinações” do tipo: eu publico na sua revista você publica na minha, eu te cito, tu me citas e por aí vai. Os defensores da prática argumentam que, com a cobrança produtivista implantada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) seria impossível cumprir todos os critérios. Pergunto: regras que nos obrigam a praticar pequenos delitos acadêmicos devem ser seguidas? Não seria mais correto lutar para que regras com essas sejam mudadas? Uma boa meta, portanto, para nós, das universidades brasileiras, é dizer um “NÃO” bem grande à mediocridade. Talvez seja utopia sonhar com uma universidade que ajude a mudar o mundo (para melhor). O que seria da vida, porém, sem que se pudesse sonhar? Prefiro manter o sonho de uma universidade na qual a prática da honestidade acadêmica seja a regra.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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