domingo, 30 de agosto de 2015

O jornalismo fast food de Manaus

Ao que tudo indica, não foi apenas no restante do Brasil que se abdicou de fazer jornalismo para se enveredar por se fazer “oposição política”. Em Manaus é ainda pior. Aqui se pratica uma espécie de “jornalismo fast food”. Ou jornalismo de conveniência: as matérias são entregues ao público de acordo com a conveniência dos donos ou de alguns figurões das redações. O interesse público, que deveria ser a mola mestra do jornalismo, dá lugar aos interesses familiares. Reafirmo: dos donos ou de alguns figurões das redações. Daí uma organização jornalística, uma empresa, passa a defender os interesses políticos de pais, filhos e mães. Vergonhosamente, artigos são publicados por pai para defender interesses do filho. Interesses familiares, de todos os níveis, ou relações de amizade, passam a valer mais que o respeito a uma organização centenária na qual 10 entre 10 manauenses se formaram. No jornalismo fast food de Manaus, qualquer denúncia, ainda que vazia, ganha as manchetes. E os preguiçosos jornalistas, que chegam ao poder mais pela relação de puxasaquismo com os donos das empresas que pela competência profissional, publicam o final de um suposto número de telefone que tentaram contato (e não obtiveram resposta). A prática virou rotina, mas, não passa de uma demonstração pública da preguiça em apurar os fatos. Em assim não sendo, querem subjugar os gestores de uma Organização aos seus horários. Como se só eles trabalhassem. No jornalismo fast food que aqui se pratica, o interesse público é o que menos importa. Valem os acordos, os conchavos e as amizades. Chega-se ao ponto de se atuar como profissional em um jornal e publicar, na íntegra, o mesmo material produzido pela então assessoria, na qual a jornalista (ou o jornalista) é o titular. E nenhum colega, arauto da ética, considera um comportamento desses condenável. No jornalismo fast food, os fins justificam os meios. O que mais me entristece é que essas são essas mesmas pessoas que cobram ética e comportamento reto de todos os demais membros da sociedade. A cretinice não tem limites! E isso ninguém, nenhum de nós, professores ou professoras, ensinou no curso de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Mais um motivo de tristeza!


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