sábado, 6 de fevereiro de 2016

Lojas de conveniências acadêmicas

Ontem, ao retornar de uma viagem a Parintins, a serviço da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), sentei ao lado de um desconhecido que, imediatamente, puxou conversa. Queria saber se eu era professor, disse “vamos trazer a .....” para cá, e perguntou se eu era da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Eu disse que era da UFAM e ele ainda me perguntou qual era a minha área. Respondi que era jornalismo. Depois disso, ele pôs o fone de ouvido e não trocou mais nenhuma palavra. Aceitei o silêncio de tão objetivo interlocutor, mas, cá com meus botões, fiquei a refletir sobre a expansão da Educação Superior na iniciativa privada. Certamente, a abordagem que sofri não foi “sem nenhuma intenção”. Caso eu fosse professor na área de interesse da instituição que aquela pessoa representava, receberia, na hora, uma oferta, digamos, de “conveniência acadêmica”. Seria convidado a ministrar alguma disciplina de final de semana, sem vínculo com a empresa, portanto, sem ferir, legalmente, o meu contrato de Dedicação Exclusiva com o Governo Federal. No faz-de-conta da Educação Superior como negócio, todos ganham. O estudante, porque obtém o seu certificado, o governo, porque cumpre, de alguma forma, suas metas de expansão, e as lojas de conveniência acadêmica. Até os professores ganham um dinheiro a mais nas suas contas, porém, são obrigados a se matar. Só quem perde é a Universidade pública brasileira, que deixa de receber recursos para este fim, enfrenta a maior dificuldade para oferecer até os cursos de graduação, e vê seus professores seduzidos pelas migalhas de final de semana. Triste fim se não enfrentarmos o problema internamente e encontrarmos uma solução que seja melhor para a sociedade, pois, certamente, será melhor para a Universidade.


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