Ontem, na postagem “Para repensar a
regulamentação profissional no Brasil” abordei o assunto sobre o qual vou,
novamente, me debruçar hoje com mais algumas provocações. Recorro ao meu colega
Tomás Barreiros, jornalista e advogado, com algumas explicações esclarecedoras
quase se vai discutir a questão da regulamentação profissional:
“1) Corporativismo, embora esteja quase
sempre carregado de conotação pejorativa por quem emprega o termo, não é
palavrão. Em sentido próprio, aponta para uma conquista de classe, algo
importante, viável e interessante numa sociedade capitalista marcada por lutas
entre capital e trabalho. O trabalhador se une em uma categoria profissional,
que reivindica direitos que possam lhe garantir a sobrevivência e o progresso
no mundo capitalista. Quanto maior a consciência de classe, maior a
possibilidade de conquistas importantes. Numa democracia, num estado de
direito, essas conquistas se dão por via legal. A regulamentação profissional é
uma delas. Uma das mais importantes conquistas é a criação de um Conselho
Profissional, órgão "corporativo" máximo possível. Veja-se, por
exemplo, a OAB. Como não admirar a ação dela como órgão de representação de
classe? Inclusive com seus Tribunais de Ética, que estão entre os que mais
punem profissionais que atuam em desacordo com os rigorosos preceitos do Código
de Ética dos advogados.
2) A regulamentação profissional dos
historiadores provavelmente é importante para a classe. Mas a disposição do
inciso II do art. 4º parece completamente irreal e inviável. A meu ver,
confunde definição de campo de atuação profissional com monopólio de área de
conhecimento. A divulgação de informação de qualquer área deve ser livre. Caso
contrário, para divulgar qualquer informação na área médica, seria preciso
sempre consultar um médico; para divulgar qualquer informação legal, consultar
um bacharel em Direito e assim por diante... Um absurdo inviável. O que não
invalida a tentativa de definição das tarefas profissionais específicas do
historiador.” Barreiros comenta a aprovação da Lei que regulamenta a profissão
de historiador e defende, também, o diploma para o exercício da profissão de
jornalista. Depois de idas e vindas, também faço parte deste time (dos
defensores do diploma), por um único motivo: exatamente o corporativismo, ou
seja, como luta e conquista de uma classe (trabalhadora). No entanto, a
discussão me parece muito mais complexa do que a nossa vã mente humana consegue
delimitar. Os saberes não cabem mais nos "gavetões" das profissões. Conheço
alguns rábulas muito melhores do que grande parte dos formados nas faculdades
de direito, assim como, no interior do Amazonas, há quem cure (principalmente
ossos, os "pegadores de ossos") muito melhor do que os pediatras
especializados dos nossos cursos de Medicina. Formatar pessoas em um mesmo
nível de excelência como se fosse máquinas saídas de uma fábrica é exigir das
universidades uma prática tecnicista inaceitável e distante do papel que cabe a
cada uma delas. Nem a formação profissional nem a vida cabem em uma
universidade.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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