Há muito percebo, tanto de estudantes
quando de professores e professoras, restrições, e até reações, contra os “trabalhos
em grupo”. E isso me causa muito estranhamento. Nem tanto pelos estudantes,
pois cabe a nós educá-los para tal, ou seja, para o trabalho em grupo, portanto,
coletivo. Mas, pela extrema dificuldade que enfrento nos trabalhos que,
necessariamente, deveriam ser em grupo. A maior delas é, por exemplo, o
planejamento em grupo das atividades e disciplinas de um curso. Dificilmente,
há anos, não se consegue nem reunir o Colegiado de Curso, que deveria reunir os
professores de todas as disciplinas que fazem parte da estrutura curricular de
um curso. As dificuldades são tantas que, na maioria das vezes, as decisões
sobre o curso são tomadas solitariamente pelo coordenador, ou pela minoria do
Colegiado. Estranha-me que nos discursos, a categoria defenda as decisões
colegiadas, ou seja, o processo democrático: tanto da escolha dos dirigentes
quanto da administração menos centralizada. Na prática, porém, os próprios
professores (e professoras), ao participarem raramente dos colegiados, terminam
por “matar” a democracia pela qual tanto lutam e lutaram. Como, então, cobrar
dos estudantes a realização de trabalhos em grupo se, entre nós, ainda não
vencemos a dificuldade (que parece permanente) de se trabalhar coletivamente?
Em Educação, o exemplo vale mais do que mil aulas. É preciso vencer o
individualismo que se impregnou entre nós com a visão meritocrática
(individual) sobrepujando-se a todo e qualquer olhar coletivo. Ou nos
reeducamos para o trabalho coletivo e compartilhado ou teremos sérias
dificuldades em conscientizar nossos estudantes sobre a importância do trabalho
em grupo, em equipe. As empresas modernas não contratam apenas indivíduos. Querem pessoas que saibam valorizar o
trabalho em equipe. Esse é, portanto, mais um desafio das universidades: formar
para o trabalho coletivo.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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