quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O conservadorismo da universidade brasileira


Ontem, em reunião com os estudantes do Grupo de Pesquisa em Ciências da Comunicação Design e Artes (Interfaces), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), responsável por propor o Programa de Mídias Digitais da Ufam (ECOEM), comentei que a marca do nosso ECOEM é a ousadia. Ousadamente, como todo bom estudante, um deles sugeriu: então, professor, com esse calor, nada como um bom frigobar na nossa sala e umas cervejinhas. E completou: “Professor, nas empresas UP do Vale do Silício todos trabalham assim!”. Lá eu tive de entrar em cena com o meu lado professoral em busca de não tolher a ousadia, porém, ensiná-los a reconhecer o território no qual se movem. Imaginem o escândalo que seria, em uma universidade que já proibiu até a comercialização de bebidas alcoólicas nas chamadas “sextas culturais”, o consumo de bebidas alcoólicas em plena atividade didático-pedagógica? Pensar o impensável, fazer o improvável e ousar nas possibilidades de uso das Mídias Digitais é o lema do Programa ECOEM. Nos próximos 10 anos, nossa meta é mudar a cultura da Ufam e transformar o processo de digitalização da vida acadêmica, ou seja, do Ensino, da Pesquisa e da Extensão em algo trivial. Falo em 10 anos porque somente agora, por exemplo, as frequências do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) passaram a ser feitas on-line. Tudo, todos os processos já poderiam ser assim. Avançaremos, tenho convicção. No entanto, como bem disse aos estudantes, ainda é muito cedo para pensar em uma universidade na qual a liberdade completa seja a marca. Disse a eles: “particularmente, não vejo problema nenhum em implementar a proposta feita por vocês, se todas as nossas metas forem atingidas. O que me importa é que os nossos objetivos sejam alcançados. No entanto, vocês não podem esquecer de uma coisa: reconhecer o território no qual se movem. Vocês fazem parte de uma Instituição mais conservadora que o Exército e a Igreja juntos”. Não é nenhum exagero: a universidade brasileira é uma das instituições mais tradicionais e conservadoras, à parte os avanços espetaculares em algumas áreas. São avanços, porém, isolados. Institucionalmente, porém, parece ter o atraso como meta. As duas decisões, de adesão ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) são apenas uma amostra de como não construímos alternativas políticas avançadas que não passem por ceder às chantagens patrocinadas pelo Governo Federal. Temos de avançar nas relações e nas visões de mundo para podermos sonhar com a ousadia e inovação como regra. Por enquanto, nossa missão é quebrar barreiras e arrancar viseiras. Muito embora a vanguarda do atraso, às vezes, tente nos desestimular.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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