As universidades padecem de outro mal
(talvez do século): o de se considerarem entes acima do bem e do mal pela
expertise do seu corpo docente. É como se, por meio da Ciência, tivesse o poder
de ditar regras e dizer o que deve ou não ser feito lá “no mundo dos meros
mortais”. Não se trata de uma posição exclusiva das universidades. A escola, em
si, considera-se um ente distante da realidade, do dia a dia das pessoas. E,
talvez por isso, tenha-se a impressão de que a escola é um ente à parte da
vida, descolado da realidade. O problema se agrava à medida que se sobe de
nível. E quando se chega no nível superior, é como se a universidade fosse a
“deusa do saber”. Essa imagem presunçosa que se cria da própria atividade, de
certo modo, termina por gerar antipatia coletiva. Tanto a educação quanto a
Ciência se alimentam do mundo, da realidade, do dia a dia, da vida. Existimos,
portanto, pesquisamos, para entendê-la. Transformar as universidades em Olimpo,
em espaço dos deuses, não as faz mais cobiçadas. Muito menos respeitadas. Em
alguns casos, deixa respingos na imagem institucional. É na e da sociedade que
a universidade se alimenta e revigora suas pesquisas. Ou tomamos isso como
regra e entendemos que a Ciência é parte da vida ou cada vez mais estaremos
distante da sociedade. E se isso acontece, não teremos o respeito dela.
Reconquistar nosso espaço da convivência e do respeito no seio da sociedade
talvez seja o maior desafio que temos como professores e cientistas. Pois,
afinal, uma Ciência que não melhora a vida das pessoas deixa de servi-las e
passa a ser um ente abstrato.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
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