O capitalismo tomou para si o princípio
burguês de “Liberdade, igualdade e fraternidade” advindo da Revolução Francesa.
Esse princípio tornou-se mantra e virou parte dos discursos que espalham “lugares-comuns”.
Sem comentar a questão da fraternidade, mas, apenas, fixando-se na liberdade e
na igualdade, provoco: em qual escola (inclusive universidade) se pratica,
efetivamente, a liberdade e a igualdade? Há muito, principalmente depois que
ingressei na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 1985 como estudante,
depois, em 1993, como professor, observo se o discurso corresponde à prática. A
cada dia, formo a convicção de que liberdade e igualdade são princípios doces
na boca de quem fala e amargos na de quem realmente precisa delas. O discurso,
normalmente, é lindo! A prática: um terror! Vejamos o hiato que existe entre o
discurso pedagógico e o discurso administrativo. Tomemos o caso hipotético de
um professor engajado, defensor (e praticamente) da liberdade e da igualdade. Digamos
que ele ministra uma aula sobre o tema: fala de igualdade e liberdade o tempo
todo. Mas, ao final de 50 minutos (se for em uma universidade) ele termina a
aula e é obrigado a “fazer a chamada”. Se for daqueles mais “libertários” abre
mão desse instrumento opressor do “controle da frequência”. Se o fizer, porém,
fere o Regimento da Instituição. Se não o fizer, ou seja, se praticar o
controle de frequência, ferirá, indubitavelmente, o direito à liberdade que
tanto prega, e que terminou de pregar neste caso hipotético que aqui levanto.
Como se pode pregar a liberdade sem sala-de-aula se fora dela, em qualquer
Instituição de ensino, só o controle funciona? Tomemos outro exemplo da vida
prática. A meritocracia valoriza o quê? As diferenças, os títulos, a
produtividade individual (há em grupo pouco conta), enfim, o foco é no
indivíduo, na marca pela diferença. E assim caminha a humanidade e a Escola:
centrada em um discurso e fixa em prática completamente antagônica.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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