Quando propago, há quase oito
anos, que a grande revolução da universidade brasileira, principalmente da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tem de ser pedagógica, é porque não
entendo como haver mudanças (ou avanços) administrativas sem que o guia seja o
processo pedagógico de aprendizagem. Aliás, vou além: o processo de troca de
saberes e não apenas de aprendizagem. Uma mudança nesta perspectiva do olhar significaria
implodir a atual estrutura funcionalista de poder a partir do ambiente de
aprendizagem, hoje tido como única e exclusivamente a sala de aula. Um espaço
no qual o professor (ou a professora) é a autoridade máxima do saber, o único
detentor do conhecimento, não há trocas.
A estrutura atual parte do pressuposto de que o professor detém o saber e o
estudante é um mero receptor. Pouco se avançou em relação ao que Paulo Freire
denominou de “educação bancária”. E sabe o porquê de pouco se avançar neste
campo da estrutura formal de poder? Porque a estrutura administrativa (de poder),
do Ministério da Educação (MEC) às Instituições de Ensino Superior (IES),
públicas e privadas, é extremamente autoritária e interfere diretamente no
processo pedagógico. Os avanços no ambiente e aprendizagem (que até pode ser
uma sala de aula) não são precedidos de avanços, na mesma proporção, na
estrutura administrativa. Assim sendo, quem pensa a Educação de forma diferente
precisa, urgentemente, ocupar os ambientes decisórios formais a fim de quem
haja, efetivamente, a “revolução pedagógica”. Projetos pedagógicos engessados, pouca
autonomia dos estudantes na escolha das disciplinas e a própria estrutura
disciplinar (e por créditos) são entraves a serem superados. A universidade não
pode ter uma estrutura disciplinar com o fim de disciplinar. Precisa mudar a
perspectiva do olhar. Quebrar as rotinas. Entender-se como complexa, na
plenitude da complexidade, e se tornar circular, cooperativa com a finalidade
de libertar, não de nos aprisionar às teorias, portanto, aos teóricos, e a uma
estrutura administrativa ultrapassada. Velocidade e autonomia na tomada de
decisões são princípios norteadores de uma organização moderna. Ou a
universidade guia-se por uma pedagogia libertada e cria uma estrutura
administrativa que também tenha como objetivo a libertação ou patinhará em
picuinhas internas permanentes que cercearão os espasmos de liberdade
conseguidos em alguns raros ambientes de aprendizagem nela contidos.
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