terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Pós graduação: a ameaça de extinção no Brasil


O diretor de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Lívio Amaral, disse, em uma conferência na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que “a Pós-graduação, no Brasil, é o ser em extinção”. Era o lançamento de um programa de excelência para a Pós-graduação na Ufam. Amaral, no entanto, apresentou números e fez um alerta que, talvez, já o tenha feito em outros lugares do Brasil: não se faz Pós-graduação de qualidade sem uma graduação à altura. Desde 2004 alerto, dentro da Ufam, que é preciso investir na melhoria da graduação. E nem precisava Lívio Amaral ter vindo a Manaus para se chegar a esta conclusão. Quem, como eu, observa os resultados das seleções para Mestrado e Doutorado, bem como dos concursos públicos para professores de Carreira, sabe que, há anos, a universidade se reprova. O que mais causa estranhamento, porém, é, diante, por exemplo, de exames de seleção para Mestrado e Doutorado cada vez mais catastróficos, nada ser feito. Nada contra o lançamento de um programa cujo objetivo seja atingir a excelência na Pós-graduação. Não se faz isso, porém, sem que, paralelamente, sejam tomadas medidas drásticas para mudar o rumo da graduação. Enquanto cada semestre iniciar com falta de professores, as aulas forem modorrentas, os professores estiverem desestimulados e os estudantes também, não se terá uma graduação de qualidade. Por conseguinte, não se terão bons estudantes para ingressarem na Pós-graduação. Como esse ciclo virtuoso não se completa, gera o que Lívio Amaral chama de ameaça de extinção. Se a ameaça já existe desde 2004, agrava-se a cada dia. É preciso dar condições de trabalho ao professor assim como os estudantes precisam de condições efetivas para estudar. Ou se passa da fase das salas de aulas equipadas meramente com carteiras (no mais das vezes desconfortáveis) ou se vai da ameaça à extinção. Estudantes e professores precisam estar comprometidos e estimulados. Enquanto os professores ficarem preocupados em saber como vai ser a tabela salarial para 2015 e não tiverem laboratórios equipados e salas de aula minimamente dignas para se conduzir o processo da troca de saberes teremos uma graduação sofrível. Com isso, os programas de Pós cairão de patamar. Assim, se implanta um círculo vicioso da má qualidade. E que afeta toda a educação do País uma vez que graduação ruim gera professores dos ensino básico e médio ruins, bem como ameaça os programas de pós. Que algo seja feito, com urgência, tanto na Ufam quanto nas demais universidades brasileiras para se vencer essa ameaça de extinção que perdura há décadas.

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