Mais uma vez as Instituições de
Educação Superior (IES) venceram a queda-de-braço da avaliação no Brasil. O
Ministério da Educação (MEC) cedeu às pressões e fez exatamente o que as
particulares mais queriam: tirou peso do quesito professor com doutorado e
passou peso maior para professores com mestrado e dedicação integral no Conceito
Preliminar de Cursos (CPC). O CPC é usado como base para a fiscalização dos
cursos superiores no País com notas distribuídas de 1 a 5. Quem fica com as
notas 1 e 2 recebe inspeção do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
Anysio Teixeira (Inep). Permanecer com CPC 1 e 2 pode significar o fechamento
do curso. De acordo com o jornal Folha
de S. Paulo, “A diminuição do peso para doutores era um pedido das
instituições privadas, que afirmam ser difícil contratar professores tão
qualificados em algumas áreas do conhecimento ou regiões do país.” Em verdade,
trata-se de uma das mais cínicas das desculpas. Como professores com doutorado
aumentam os custos das IES particulares, há sempre um lobby para que as regras
de avaliação sejam menos rígidas. Foi por pressão das particulares que se
deixou de exigir no Núcleo Docente Estruturante (NDE) professores com Doutorado
na área do curso avaliado. Com isso, basta uma IES possuir cinco doutores, em
qualquer das áreas, que terá NDE para todos os cursos a serem avaliados. A não-exigência
de o NDE ser formado por doutores na área do curso, convenhamos, reduziu em
muito a necessidade de as IES particulares contratarem doutores. Logo, seus
custos ficaram bem menores. A nova medida do MEC reduz de 20% para 15% a
proporção de doutores no cálculo da nota do CPC. O que tem ocorrido nos últimos
anos é que as IES particulares ajustam imediatamente o quadro de pessoal às
exigências da avaliação. Com isso, não há dúvidas de que reduzirão pelo menos
em 5% o número de doutores.
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