Tenho dito e reafirmo que a
política de “o estado mínimo na Educação”, implantada nos dois governos de
Fernando Henrique Cardoso, foi refinada pelos dois governos de Luiz Inácio Lula
da Silva. Afirmo mais: o governo Dilma Roussef não mudou uma vírgula o rumo da
política educacional. Ao contrário, refina ainda mais por meio de todos os
mecanismos possíveis. Ao rebaixar o percentual de exigência de doutores no
corpo docente das faculdades, centros universitários e universidades dá um novo
passo rumo a esse refinamento ao qual me refiro. É mais um movimento nas peças
complexas desse sistema que, no entanto, tem por fim, “formar para o mercado” e
não para a vida. Essa filosofia está, às vezes de forma clara, às vezes
invisível, principalmente nas modificações curriculares. Por pressão da própria
sociedade e dos estudantes, as universidades brasileiras foram transformadas escolas
técnicas, especializadas em amestrar estudantes. Esses exigem aulas práticas
desde o primeiro período. No caso do jornalismo, o problema ficou mais grave.
Sem a exigência do diploma, conseguem "estágios" a partir do segundo
período e passam a se considerar mais profissionais que os próprios
profissionais. Sem contar que, com alguns meses de experiência, muitas vezes
catastróficas, já ganham o direito ao registro profissional. É evidente que
quem ganha com isso é o próprio mercado. Ainda mais quando os estudantes, ao
invés de participar dos projetos nas universidades, inclusive com bolsas,
preferem a mísera remuneração estágios em nome da técnica. Isso demonstra que toda
a política pública brasileira para a Educação é formar técnicos. Mais nada!
Porém, na hora mais propícia para se discutir a própria universidade, como na
Greve, por exemplo, a infinita maioria some. Inclusive de professores e
estudantes. Enquanto a universidade brasileira não se rediscutir e aceitar
apenas formar "cordeirinhos" para o mercado o problema persistirá. O
mercado é parte da vida, porém, a vida não se resume ao mercado. Temos de
formar para a vida e para o pleno exercício da cidadania. Com a política
pública de estado mínimo na Educação, a universidade que forma para a vida dá
os últimos suspiros. Respira por aparelhos! Isso sem contar que há uma fatia de
professores que transformou a universidade no próprio mercado: usa espaço e
dinheiro públicos para negócios particulares. Justamente o que o Governo hoje
incentiva: a concorrência entre os pares. Assim, cada um cria seu nicho, abre
seu negócio particular dentro do espaço público. E ainda tem gente com a
cara-de-pau de criticar os políticos que fazem o mesmo. Como diz o tuiteiro
@EduPavão: a hipocrisia reina!
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
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